existe relação entre o uso de drogas e aumento dos índices de violência?
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Estudo destaca estreita relação entre álcool, drogas e violência Consumo de álcool ou de pelo menos um tipo de droga esteve associado a mais da metade das mortes violentas ocorridas na cidade de São Paulo no período analisado (foto: Marcos Santos/USP Imagens)
Estudo destaca estreita relação entre álcool, drogas e violência
15 de outubro de 2018
Peter Moon | Agência FAPESP – Um grupo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) publicou os resultados de uma pesquisa a respeito da associação entre o consumo de álcool e drogas com a ocorrência de mortes violentas.
O trabalho coloca em números os dados dessa relação, no caso, na cidade de São Paulo. A descoberta é que o consumo de álcool ou de pelo menos um tipo de droga guarda associação com mais da metade (55%) das mortes violentas ocorridas na capital paulista entre 2014 e 2015.
O trabalho é resultado do pós-doutorado do epidemiologista Gabriel Andreuccetti, com a supervisão do professor Heráclito Barbosa de Carvalho, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, e em colaboração com o Departamento de Medicina Legal da mesma universidade, com a University of California, Berkeley, e apoio do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo. O artigo foi publicado no periódico Injury e contou com apoio da FAPESP.
Para obter dados para o levantamento, Andreuccetti empregou um método de amostragem probabilística usando a cidade de São Paulo como população-alvo.
“Os casos amostrados eram vítimas adultas, feridas fatalmente, que tiveram causa de morte súbita, inesperada, violenta ou de outra forma não natural, e que deram entrada nas principais instalações médicas forenses que atendem toda a cidade e seus 96 distritos”, disse à Agência FAPESP.
Segundo a legislação, as vítimas de morte súbita, inesperada ou violenta devem obrigatoriamente ser submetidas a um procedimento de autópsia pelas equipes de perícias médico-legais (EPML). Anualmente, ocorrem em São Paulo cerca de 7 mil mortes que se enquadram nessa classificação. A maioria é composta por homicídios (26%), seguida pelos óbitos relacionados ao trânsito (20%) e por suicídios (10%).
O trabalho de levantamento de casos de mortes violentas ocorreu entre junho de 2014 e dezembro de 2015. Para obter uma amostra representativa da cidade, Andreuccetti coletou amostras de sangue de cadáveres durante autópsias pelas diversas EPML da cidade, em diferentes dias e horários da semana, ao longo de 19 meses.
Vítimas que receberam seis ou mais horas de tratamento médico devido ao evento de lesão ou que sobreviveram pelo mesmo período antes da morte foram excluídas da amostra.