Matemática, perguntado por allanaseabraa, 10 meses atrás

Uma epidemia se alastra de forma duplicada a cada dois dias, em um determinado país. Chamando de y o número de infectados e x o número de dias, quantos infectados teremos depois de oito dias?​

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Respondido por AlanWellington
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Resposta:

A comunidade científicae médica ainda ignora dados fundamentais sobre o novo coronavírus que são essenciais para estimar o que acontecerá nos próximos meses e até quando as medidas de reclusão serão necessárias.

Uma das mais importantes é se uma pessoa pode ser infectada duas vezes. Além dos casos duvidosos descritos na imprensa, sabe-se de quatro pessoas possivelmente reinfectadas, cujos casos foram publicados em revistas científicas. São quatro profissionais de saúde de Wuhan que adoeceram pelo Covid-19 com sintomas leves. Entre uma e duas semanas depois de a doença ter passado e os testes de PCR (sigla em inglês para reação em cadeia da polimerase, capaz de detectar a doença) terem dado negativo, voltaram a dar positivo. Três deles fizeram quarentena em casa com suas famílias, mas não os infectaram.

Os próprios autores do trabalho, da Universidade de Wuhan, admitem que possa ser um falso positivo, uma vez que o PCR falha algumas vezes, embora tenham repetido o teste várias vezes. Se estes casos fossem comum, os planos de contenção do vírus poderiam ser frustrados.

“De todas as explicações possíveis, uma infecção dupla é a menos realista”, explica Margarita del Val, especialista em imunologia viral do Centro Nacional de Biotecnologia (CNB-CSIC). Também é possível que os níveis de vírus flutuem nas pessoas que já estão infectadas. Além disso, o PCR mede apenas a quantidade de RNA (ácido ribonucleico, uma molécula responsável pela síntese de proteínas das células do corpo) viral existente na amostra. “Em muitos casos, especialmente quando a carga viral é baixa, não se trata de vírus completos com carga infecciosa, mas provavelmente de resíduos que estão sendo destruídos pelo sistema imunológico”, argumenta Isabel Sola, especialista em coronavírus do CNB.

Testes em animais sugerem que a reinfecção não é possível. Cientistas chineses mostraram que os macacos infectados com o novo coronavírus e que transmitem a doença não se reinfectam alguns dias depois, mesmo se expostos ao agente patogênico, de acordo com um estudo preliminar publicado no repositório acadêmico BiorXiv.

Neste ponto é importante entender dois dados explicados por Eduardo Fernández Cruz, chefe de imunologia do Hospital Gregorio Marañón, em Madri. “É possível que uma pessoa possa transmitir o vírus a partir de 24 horas depois de ter sido infectado, mesmo que não apresente nenhum sintoma”, explica. “No entanto, o sistema imunológico demora cerca de um mês para aprender a desenvolver memória imunológica contra o vírus”. É possível que esses duplos positivos se devam ao fato de ainda não terem desenvolvido uma resposta imunológica completa.

O que ainda não se sabe é quanto tempo dura a imunidade ao vírus. Podem ser anos ou apenas meses. O habitual é ter imunidade prolongada depois de ter passado a infecção, mas com alguns vírus, inclusive alguns coronavírus, isso não acontece.

Em 2012, o MERS ―um coronavírus mais letal do que o atual, que também provoca pneumonia, causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio― passou de camelos para humanos e causou uma epidemia que matou 858 pessoas até agora. O vírus continua circulando e, em parte, pode ser porque a imunidade que os humanos desenvolvem dura menos de um ano, explica Sola. É possível que o mesmo aconteça com o SARS-CoV-2, embora seja muito cedo para saber, pois passaram apenas dois meses e meio desde que os primeiros casos de Covid-19 foram detectados na China.

Se o vírus for capaz de reinfectar, provavelmente o fará com muito menos intensidade, explica o virologista espanhol Alfredo García-Sastre, que trabalha no Hospital Monte Sinai, em Nova York. “O vírus sincicial respiratório, muito comum principalmente em crianças, precisa infectar uma média de três vezes durante a infância para que se adquira imunidade suficiente, por exemplo. Mas mesmo que isso seja possível com o novo coronavírus, o mais provável é que as reinfecções causem sintomas mais leves e que as pessoas reinfectadas sejam menos contagiosas”, explica.

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