“Tudo o que vemos na vida diária sofre mais ou menos a deformação produzida pelos hábitos adquiridos, e o fato é, talvez, mais sensível numa época como a nossa, onde o cinema, a publicidade e as revistas nos impõem cotidianamente um fluxo de imagens prontas que são um pouco, na ordem da visão, o que é o preconceito na ordem da inteligência. O esforço necessário para se desvencilhar disso exige uma espécie de coragem; e esta coragem é indispensável ao artista que deve ver todas as coisas como se as tivesse vendo pela primeira vez; é preciso ver toda a vida como quando se era criança; e a perda dessa possibilidade vos retira a de vos exprimir de uma maneira original, isto é, pessoal.”
(PERNOUD, Régine. “Com olhos de criança”. Arte em São Paulo, São Paulo, número 14, março de 1993)
A partir das ideias de Henri Matisse, expressas acima em artigo produzido por Régine Pernoud, é possível sugerir várias contribuições para as salas de aula de História, exceto:
a. “Ver pela primeira vez” é uma condição inadequada ao estudo da história, pois se baseia no passado, algo que já passou e não pode ser modificado.
b. Ao afirmar sobre o “fluxo de imagens prontas”, o autor possibilita a discussão da oferta de imagens, um dado de contexto associado ao imaginário de cada época.
c. Olhar as coisas como se fosse a primeira vez pode facilitar o trabalho com as diferentes temporalidades contidas em uma paisagem.
d. A ideia de “deformação pelos hábitos adquiridos” pode aproximar as discussões das permanências e permitir o questionamento das ações do dia a dia.
e. As ideias de Matisse fazem referências tanto a uma potência interna de cada um, quanto à situação histórica circundante, o que nos permite trabalhar a relação entre o indivíduo e seu contexto.
Soluções para a tarefa
A alternativa A é falsa, pois a ideia de Matisse é que é necessário ver sempre sem preconceitos, analisar a coisa de acordo com o modo como ela mesma se apresenta, não de acordo com aquilo que julgamos ser correto de modo prévio.
A alternativa B é verdadeira, pois Matisse critica a cultura de massa e o modo como as ideias são "vendida" em embalagens prontas, dificultando a análise verdadeira, coisa que pode ajudar neste debate.
A alternativa C é verdadeira, pois isto ajuda, novamente, a romper com os preconceitos socialmente transmitidos.
A alternativa D é verdadeira, pois Matisse critica justamente os preconceitos sociais que se repetem de forma acrítica, uma introdução perfeita para o tema da permanência.
A alternativa E também é verdadeira, pois Matisse parte da ideia de que a experiência de cada um é maior que a própria experiência de cada um, é influenciada também pelo que veio antes e pelas opiniões da sociedade.