Question

Todo panteão, como o dos gregos, supõe deuses múltiplos [...], que estão no mundo e dele fazem parte. Não o criaram por um ato que, no caso do deus único, marca a completa transcendência deste em relação a uma obra cuja existência deriva e depende inteiramente dele. Os deuses nasceram no mundo. A geração daqueles aos quais os gregos prestam culto veio à luz ao mesmo tempo que o universo. Esse processo de gênese operou-se a partir de Potências primordiais, como o Vazio e Terra, das quais saíram, ao mesmo tempo e pelo mesmo movimento, o mundo, tal como os humanos que habitam uma parte dele podem contemplá-lo, e os deuses, que a ele presidem, invisíveis em sua morada celeste.Há, portanto, algo de divino no mundo e algo de mundano nas divindades. Assim, o culto não pode visar a um ser radicalmente extramundano, cuja forma de existência não tenha relação com nada que seja de ordem natural no universo físico, na vida humana, na existência social. Ao contrário, o culto pode dirigir-se a certos astros como a Lua, à aurora, à luz do Sol, à noite, a uma fonte, um rio, uma árvore, ao cume da montanha e igualmente a um sentimento, uma paixão, uma noção moral.VERNANT, J. P. Mito e Religião na Grécia Antiga. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2006 (adaptado).O texto de Jean-Pierre Vernant evidencia que, para os gregos antigos,a) os deuses são transcendentes em relação ao mundo.b) o natural e o sobrenatural não estão radicalmente separados.c) os cultos religiosos voltavam-se aos deuses independentes do mundo.d) o mundo e os deuses foram gerados por um único ser transcendente.e) as Potências primordiais originaram-se junto com o mundo e os deuses.

Answer 1

Opa! A resposta é a B.

O trecho "Há, portanto, algo de divino no mundo e algo de mundano nas divindades" permite destacar esta alternativa. O texto mostra que, apesar de seu caráter divino, os deuses têm uma parcela mundana em si, que pode ser um sentimento característico do homem, uma paisagem natural etc.