Texto I
[...] já foi o tempo em que via a convivência como
viável, só exigindo deste bem comum, piedosamente, o
meu quinhão, já foi o tempo em que consentia num
contrato, deixando muitas coisas de fora sem ceder
contudo no que me era vital, já foi o tempo em que
reconhecia a existência escandalosa de imaginados
valores, coluna vertebral de toda ‘ordem’; mas não tive
sequer o sopro necessário, e, negado o respiro, me foi
imposto o sufoco; é esta consciência que me libera, é ela
hoje que me empurra, são outras agora minhas
preocupações, é hoje outro o meu universo de problemas;
num mundo estapafúrdio — definitivamente fora de foco —
cedo ou tarde tudo acaba se reduzindo a um ponto de
vista, e você que vive paparicando as ciências humanas,
nem suspeita que paparica uma piada: impossível ordenar
o mundo dos valores, ninguém arruma a casa do capeta;
me recuso pois a pensar naquilo em que não mais
acredito, seja o amor, a amizade, a família, a igreja, a
humanidade; me lixo com tudo isso! me apavora ainda a
existência, mas não tenho medo de ficar sozinho, foi
conscientemente que escolhi o exílio, me bastando hoje o
cinismo dos grandes indiferentes [...].
Texto II
Raduan Nassar lançou a novela Um Copo de
Cólera em 1978, fervilhante narrativa de um confronto
verbal entre amantes, em que a fúria das palavras
cortantes se estilhaçava no ar. O embate conjugal ecoava
o autoritário discurso do poder e da submissão de um
Brasil que vivia sob o jugo da ditadura militar.
NASSAR, R. Um copo de cólera. São Paulo:
Companhia das Letras, 1992.
Considerando-se os textos apresentados e o contexto
político e social no qual foi produzida a obra Um Copo de
Cólera, verifica-se que o narrador, ao dirigir-se à sua
parceira, nessa novela, tece um discurso
A conformista, que procura defender as instituições nas
quais repousava a autoridade do regime militar no
Brasil, a saber: a Igreja, a família e o Estado.
B pacifista, que procura defender os ideais libertários
representativos da intelectualidade brasileira opositora
à ditadura militar na década de 70 do século passado.
C desmistificador, escrito em um discurso ágil e
contundente, que critica os grandes princípios
humanitários supostamente defendidos por sua
interlocutora.
D politizado, pois apela para o engajamento nas causas
sociais e para a defesa dos direitos humanos como
uma única forma de salvamento para a humanidade.
E contraditório, ao acusar a sua interlocutora de
compactuar com o regime repressor da ditadura
militar, por meio da defesa de instituições como a
família e a Igreja.
Soluções para a tarefa
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Letra C : desmistificador, escrito em um discurso ágil e contundente, que crítica os grandes princípios humanitários supostamente defendidos por uma interlocutora.
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O discurso 'Um copo de cólera" o narrador ataca instituições e valores com tamanha representatividade social.
Portanto,alternativa correta letra:
c)Desmistificador,escrito em um discurso ágil e contundente que critica os grandes princípios humanitários supostamente defendidos por sua interlocutora.
Portanto,alternativa correta letra:
c)Desmistificador,escrito em um discurso ágil e contundente que critica os grandes princípios humanitários supostamente defendidos por sua interlocutora.
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