Português, perguntado por LeVasconcelos3681, 11 meses atrás

Sou eu que começo? Não sei bem o que dizer sobre mim. Não me sinto uma mulher como as outras. Por exemplo, odeio falar sobre crianças, empregadas e liquidações. Tenho vontade de cometer harakiri quando me convidam para um chá de fraldas e me sinto esquisita à beça usando um lencinho amarrado no pescoço. Mas segui todos os mandamentos de uma boa menina: brinquei de boneca, tive medo do escuro e fiquei nervosa com o primeiro beijo. Quem me vê caminhando na rua, de salto alto e delineador, jura que sou tão feminina quanto as outras: ninguém desconfia do meu hermafroditismo cerebral. Adoro massas cinzentas, detesto cor-de-rosa. Penso como um homem, mas sinto como mulher. Não me considero vítima de nada. Sou autoritária, teimosa e um verdadeiro desastre na cozinha. Peça para eu arrumar uma cama e estrague meu dia. Vida doméstica é para os gatos. [...] Sou tantas que mal consigo me distinguir. Sou estrategista, batalhadora, porém traída pela comoção. Num piscar de olhos fico terna, delicada. Acho que sou promíscua, doutor Lopes. São muitas mulheres numa só, e alguns homens também. Prepare-se para uma terapia de grupo.

1. No primeiro capítulo do romance Divã, de Martha Medeiros, a personagem Mercedes conversa com o seu analista. Qual é o tema dessa conversa? ►
2. “Sou tantas que mal consigo me distinguir.” A partir dessa afirmação podemos identificar o problema que atormenta a personagem. Qual é ele?
► U m “p ro b lem a ” co m o e s s e p o d ería se r c o n s iderado típ ico de u m a m u lh er q u e v ivesse, por exem p lo, n a d écad a de 1940? Explique.
3. O que quer dizer a personagem quando afirma sofrer de “hermafroditismo cerebral”? Justifique.
► Por que ta l ca ra cterística não é percebid a pelos outros?
4. Ao longo do texto, Mercedes nega uma série de valores tradidonalmente associados à imagem de mulher como esposa e mãe, característicos de uma outra formação discursiva. Quais são os trechos em que isso ocorre?
► A n eg ação d esse s v alores su g ere qu e a fo rm ação d iscu rsiv a n a q u a l se in se re o ro m a n ce de M arth a M ed eiros é d ife re n te d a q u ela id e n tifica d a
n a s le tra s de m ú sic a da d écad a de 194 0 e n os a n ú n cio s das d é c a d a s de 1950 e 1960. E xplique por quê.

Soluções para a tarefa

Respondido por nessasch
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Sobre o texto extraído do romance Divã, de Martha Medeiros, podemos responder as questões apresentadas da seguinte forma:

1.       O tema da conversa da personagem Mercedes com o seu analista é a sua não identificação total como mulher. Mercedes relata que não pensa como mulher, não tens os mesmos gostos de uma mulher, mas sim de um homem.

2.       O problema da personagem é a dificuldade de encontrar sua verdadeira identidade, e uma personalidade volúvel, a medida em que razão, gostos e sentimentos se desequilibram.

3.       Com o termo “hermafoditismo cerebral”, a personagem quer dizer que tem pensamentos de homem e sentimentos de mulher, características de ambos os sexos em seus pensamentos. Isto porque não possui gostos femininos, mas emoções afloradas como de uma mulher.

4.       A negação de uma série de valores tradicionalmente associados à imagem de mulher como esposa e mãe, característicos de uma outra formação discursiva, podem ser encontrados nos seguintes trechos: "odeio falar sobre crianças, empregadas e liquidações”, “Tenho vontade de cometer harakiri quando me convidam para um chá de fraldas”,” Sou autoritária, teimosa e um verdadeiro desastre na cozinha”.

5.       Os valores negados por Mercedes são contrários ao que se pregava em letras de músicas da década de 1940 e em anúncios das décadas de 1950 e 1960. Isto ocorre porque nestas épocas era pregado um Ideal feminino na sociedade, onde as mulheres eram donas de casa, femininas, românticas, e felizes com esta vida.

Respondido por vicc300
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Resposta:

Sobre o texto extraído do romance Divã, de Martha Medeiros, podemos responder as questões apresentadas da seguinte forma:

1.       O tema da conversa da personagem Mercedes com o seu analista é a sua não identificação total como mulher. Mercedes relata que não pensa como mulher, não tens os mesmos gostos de uma mulher, mas sim de um homem.

2.       O problema da personagem é a dificuldade de encontrar sua verdadeira identidade, e uma personalidade volúvel, a medida em que razão, gostos e sentimentos se desequilibram.

3.       Com o termo “hermafoditismo cerebral”, a personagem quer dizer que tem pensamentos de homem e sentimentos de mulher, características de ambos os sexos em seus pensamentos. Isto porque não possui gostos femininos, mas emoções afloradas como de uma mulher.

4.      A negação de uma série de valores tradicionalmente associados à imagem de mulher como esposa e mãe, característicos de uma outra formação discursiva, podem ser encontrados nos seguintes trechos: "odeio falar sobre crianças, empregadas e liquidações”, “Tenho vontade de cometer harakiri quando me convidam para um chá de fraldas”,” Sou autoritária, teimosa e um verdadeiro desastre na cozinha”.

5.       Os valores negados por Mercedes são contrários ao que se pregava em letras de músicas da década de 1940 e em anúncios das décadas de 1950 e 1960. Isto ocorre porque nestas épocas era pregado um Ideal feminino na sociedade, onde as mulheres eram donas de casa, femininas, românticas, e felizes com esta vida.

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