Sobre qual o assunto a pintura do batizado de Macunaíma fala?
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Resposta:
Já Batizado de Macunaíma repete em chave “estilizada” a tradição da grande pintura ligada às academias, preocupadas em enaltecer os sentidos de “Pátria”, “Nação” e outras instituições, a partir de episódios significativos, quer da história oficial, quer da mitologia etc. Neste sentido, ao pintar Batizado de Macunaíma, Tarsila parece ter desejado elevar o personagem criado em 1928, por Mário de Andrade, ao patamar de um símbolo. Símbolo do que? Provavelmente da institucionalização definitiva pelo qual o Modernismo de São Paulo passava durante aquela década do IV Centenário da cidade. Se Abaporu significa o romper de algo novo entre nós, Batizado é simplesmente o travestimento do novo em instituição, em norma. As duas obras possuem semelhanças porque aquela de 1956 foi produzida em “estilo” modernista. Ou seja, Tarsila copiou a si mesma, trivializou, cristalizou em estilemas aquilo que nos anos 1920 era pura experimentação.
Mas para o MASP parece não haver problemas em colocar lado a lado duas obras que, apesar das aparências, são a negação uma da outra. Assim agindo, a instituição naturaliza o artifício, agregando ao legado de Tarsila a ser celebrado e rememorado, aquilo que restou nos porões das instituições públicas ou mostrado com certo pudor em paredes particulares. Digo isso porque essa estratégia de mostrar joio ao lado de trigo, é uma constante em toda a exposição da artista no MASP e não apenas na sala comentada. Paisagens emblemáticas de Tarsila, por exemplo, produzidas no auge do seu período mais proteico, são exibidas ao lado de arremedos de si mesma, produzidos décadas mais tarde. O público com um pouco mais de intimidade com sua oba entende essa atitude do Museu como um equívoco ou como uma ação articulada para ajudar no processo de exumação do “outro lado” da produção de Tarsila. Já o público em geral, esse para o qual (supostamente) a exposição foi produzida, sai da mostra acreditando que tudo o que ele viu é digno de reverência, que todos os trabalhos ali apresentados possuem a mesma potência estética e a mesma importância para a cultura do país.