ENEM, perguntado por MaluSantos03, 9 meses atrás

Sobre a morte e o morrer – Rubem Alves - 27/07/2009

O que é vida? Mais precisamente, o que é a vida de um ser humano? O quê e quem a define?
Já tive medo da morte. Hoje não tenho mais. O que sinto é uma enorme tristeza. Concordo com Mário Quintana: “Morrer, que me importa? (...) O diabo é deixar de viver.” A vida é tão boa! Não quero ir embora...
Eram 6h. Minha filha me acordou. Ela tinha três anos. Fez-me então a pergunta que eu nunca imaginara: “Papai, quando você morrer, você vai sentir saudades?”. Emudeci. Não sabia o que dizer. Ela entendeu e veio em meu socorro: “Não chore, que eu vou te abraçar...” Ela, menina de três anos, sabia que a morte é onde mora a saudade.
Cecília Meireles sentia algo parecido: “E eu fico a imaginar se depois de muito navegar a algum lugar enfim se chega... O que será, talvez, até mais triste. Nem barcas, nem gaivotas. Apenas sobre humanas companhias... Com que tristeza o horizonte avisto, aproximado e sem recurso. Que pena a vida ser só isto...”
Dona Clara era uma velhinha de 95 anos, lá em Minas. Vivia uma religiosidade mansa, sem culpas ou me- dos. Na cama, cega, a filha lhe lia a Bíblia. De repente, ela fez um gesto, interrompendo a leitura. O que ela tinha a dizer era infinitamente mais importante. “Minha filha, sei que minha hora está chegando... Mas, que pena! A vida é tão boa...”
Mas tenho muito medo do morrer. O morrer pode vir acompanhado de dores, humilhações, aparelhos e tubos enfiados no meu corpo, contra a minha vontade, sem que eu nada possa fazer, porque já não sou mais dono de mim mesmo; solidão, ninguém tem coragem ou palavras para, de mãos dadas comigo, falar sobre a minha morte, medo de que a passagem seja demorada. Bom seria se, depois de anunciada,
ela acontecesse de forma mansa e sem dores, longe dos hospitais, em meio às pessoas que se ama, em meio a visões de beleza.
[...] Há dores que fazem sentido, como as dores do parto: uma vida nova está nascendo. Mas há dores que não fazem sentido nenhum. [...]
Dizem as escrituras sagradas: “Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer”. A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A “reverência pela vida” exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. Cheguei a sugerir uma nova especialidade médica, simétrica à obstetrícia: a “morienterapia”, o cuidado com os que estão morrendo. A missão da morienterapia seria cuidar da vida que se prepara para partir. Cuidar para que ela seja mansa, sem
dores e cercada de amigos, longe de UTIs. Já encontrei a padroeira para essa nova especialidade: a “Pietà” de Michelangelo, com o Cristo morto nos seus braços. Nos braços daquela mãe o morrer deixa
de causar medo.

ATIVIDADE 1 - Responda:
a) Interpretando o texto, qual a razão de Rubem Alves dizer que não tem medo da morte, mas tem medo de morrer?

b) No texto, Rubem Alves fala de Dona Clara, um diálogo dela com a filha. A partir desse diálogo, de uma pessoa de 95 anos, cega, que visão da vida dona Clara revela?

Soluções para a tarefa

Respondido por PedroRibeiro2106
40

Resposta:

DarkMoon2005

ATIVIDADE 1| R: "Procurei fazer aquilo que meu coração pedia." "Não tenho medo da morte, embora tenha medo do morrer. O morrer pode ser doloroso e humilhante, mas à morte, eis uma pergunta.

DarkMoon2005

ATIVIDADE 2| R: revela, que apesar dela ser cega, ela ainda consegue "ver a vida" como algo bom de se viver

Explicação:

So pequei a resposta do Dark Moon que estava no comentario para ficar mais facil de vcs verem, ele que merece todos os creditos

Anexos:

danybiamendes: Ficou boa resposta, mais esta faltando a letra b) da numero 1
ryanossanipal52e: Na vdd ele respondeu, só escreveu errado, ele escreveu "ATIVIDADE 2" só isso, se vc no mínimo lesse a resposta, entenderia
teehrb: WOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOW
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