- Retrato falado do Brasil
Comecei a aula com uma pergunta: "O que diferencia a questão social no Brasil e nos
EUA?". Silêncio geral. Imaginei que os alunos não tivessem lido o capítulo. Afirmaram que
sim. Foi só então que eu, imaturo, sem o olhar treinado para capturar atitudes e
comportamentos em pequenos gestos, percebi o constrangimento da turma. O sinal,
característico, que retive como lição das formas sutis do preconceito era o olhar coletivo
de soslalo para o único negro na sala. Dirigi-me a ele e denunciei: "Seus colegas estão
constrangidos em falar de racismo na sua frente".
Esta cena se repete toda vez que falo em público sobre a desigualdade racial no Brasil
e há aquela pessoa negra, solitária, na plateia. Recentemente, numa palestra para gerentes
de um banco, havia uma jovem gerente negra. Uma das raras mulheres e a única pessoa
negra. Enfrentou duas correntes discriminatórias para estar ali: ser negra e ser mulher. Os
colegas se sentiam desconfortáveis porque eu falava do "problema dela".
"Ela" não tinha problema, claro. Era uma pessoa natural, do gênero feminino e negra.
Nascemos assim. O problema é os outros não quererem ver a discriminação. Essa inversão
típica é que caracteriza a questão racial no Brasil. É como se os negros tivessem um
problema de cor, e não a sociedade o problema do preconceito.
(ABRANCHES, Sérgio, Retrato falado do Brasil. Veja, SP, ano 36, n. 46, p. 27, nov. 2003
1) A sociedade não quer enxergar a discriminação racial por achar que:
A) esse problema pertence ao negro.
B) essa questão é idêntica nos EUA e no Brasil.
C) muitos gerentes de banco são homens negros.
D) a mulher negra tem oportunidades na carreira.
Soluções para a tarefa
Respondido por
1
Resposta:
Letra A(X)
Explicação:
O texto no final, informa que "É como se os negros tivessem um problema com a cor e não a sociedade". Mostrando que a alternativa só poderia ser a A.
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