Como a escravidão afetou os negros enquanto ocorria?
Como a escravidão afetou suas vítimas e seus filhos, mesmo depois de ser abolida?
Qual foi a reação da sociedade quando a escravidão foi abolida?
Soluções para a tarefa
O tráfico negreiro foi responsável pelo desembarque de quase cinco milhões de africanos no Brasil durante três séculos de existência.
Os primeiros africanos começaram a chegar no Brasil na década de 1550 e foram trazidos por meio do tráfico negreiro, negócio que fez fortunas ao longo de três séculos. Os portugueses tinham feitorias instaladas na costa africana, desde o século XV, e, desde então, mantinham relações comerciais com reinos africanos, dos quais incluía a compra de escravos.
A medida que a colonização do Brasil se desenvolveu, a necessidade por trabalhadores era tão grande que fez que esse comércio prosperasse em larga escala. O sucesso do tráfico negreiro está relacionado, dessa forma, com a necessidade da colônia por trabalhadores e esse negócio foi altamente lucrativo para os traficantes, assim como para a Coroa.
Ao longo dos 300 anos de existência do tráfico negreiro, cerca de 4,8 milhões de africanos|4| foram trazidos para o Brasil, o que significa que nosso país foi o que mais recebeu africanos para serem escravizados ao longo de três séculos em todo o continente americano.
O trabalho dos escravos africanos, a princípio, foi utilizado para atender as demandas da produção de açúcar nos engenhos. A vida de um escravo era dura e era marcada pela violência dos senhores e das autoridades coloniais. A jornada diária de trabalho poderia se estender por até 20 horas por dia e o trabalho no engenho era mais pesado e perigoso que trabalhar nas plantações.
Nas moendas – local onde a cana era moída para extrair o seu caldo – eram comuns acidentes que faziam com que escravos perdessem mãos ou braços. Nas fornalhas e caldeiras – local de cozimento do caldo da cana – as queimaduras eram o acidente mais comum que atingia os escravos. Essa etapa do trabalho era tão dura, que era reservada para os escravos mais rebeldes e fujões.
Engenhos grandes chegavam a possuir 100 escravos ou mais e, por isso, o senhor de escravos nem sempre tinha contato direto com todos os escravos. Os escravos dormiam no chão duro na senzala e lá eram monitorados para evitar que fugissem. A alimentação era pobre e insuficiente, e os escravos precisavam complementá-la com os alimentos obtidos de uma pequena lavoura que cultivavam aos domingos.
Os escravos que trabalhavam na casa-grande, residência do senhor de escravos, eram mais bem tratados, mais bem alimentados e mais bem-vestidos em relação aos escravos que trabalhavam na lavoura ou no engenho. Existiam também escravos que trabalhavam nas cidades em ofícios dos mais variados tipos.
Muitos dos escravos eram acorrentados para evitar que fugissem e outros utilizavam máscaras de ferros, como a máscara de flandres, utilizada para impedir os escravos de engolir diamantes (nas regiões mineradoras), ou para impedir que se embriagassem ou mesmo para impedir que cometessem suicídio por meio da ingestão de terra.
A violência praticada sistematicamente contra os escravos tinha o objetivo de incutir-lhes o temor de seus senhores e impedir que fugas e revoltas acontecessem. No caso das escravas, a violência ganhava outra dimensão, pois além de tudo que sofriam em relação ao trabalho, ainda eram vítimas de estupros frequentes praticados por seus senhores e feitores.
Os escravos rebeldes ou os que cometessem algum delito (por menor que fosse) poderiam receber punições pesadas. Entre as punições praticadas contra os escravos, podem ser destacados os açoitamentos. Muitos dos escravos punidos com o açoite eram castigados com 300 ou mais chibatadas – o suficiente para levar um ser humano à morte.
O historiador Thomas Skidmore resgatou um relato que afirma que “por ofensas insignificantes jogavam seus escravos vivos na fornalha, ou os matavam de várias maneiras bárbaras e desumanas”|5|. A forca e o envenenamento também eram formas utilizadas para executar os escravos.