Redação sobre a cidadania do trabalhador no Brasil atual
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Resposta:
Explicação:O fim do ciclo de governos militares em 1985 e a nova Constituição de 1988 não foram capazes de liquidar a ordem corporativa no Brasil. Com intensidade variável entre as regiões brasileiras, persiste uma das principais características da ordem ou "cidadania regulada"1 que é transferir para fora dos locais de trabalho o encaminhamento de conflitos industriais, dificultando a consolidação de práticas de gestão não-autoritária do trabalho e de modernização técnica nas empresas. Face a um amplo processo de "transições", estamos vivendo a difícil emergência de uma "modernidade" laboral e empresarial. Se bem-sucedida, contudo, poderá representar o nascimento de uma nova cidadania no País.
Por transição "no plural" entendo alterações na gestão social do trabalho e mudanças articuladas, ou não, do feitio organizacional com a base técnica. Parto do princípio, assim, que qualquer projeto de "modernidade" empresarial/laboral não poderá adquirir energia catalisadora, se a gestão do trabalho não acompanhar as tentativas-e-erros dos atores industrialistas para constituir nos locais de trabalho (típico locus "público") alternativas a uma recaída no "despotismo fabril" dos anos 70. Associado a esse último aspecto, o país vive uma transição político-institucional do sistema judiciário trabalhista, da estrutura sindical, dos mecanismos de negociação coletiva, e de redefinição de categorias profissionais. Esse texto pretende focalizar justamente essa questão: sem a (re)constituição da cidadania, as "novas ondas" administrativas (participacionismo, desburocratização, qualidade ou "em busca da excelência") serão apanágio dos "ideólogos em ato" (ou seja, dos que detêm o saber competente tecnológico e de humanidades) nas organizações (persistindo seu ilhamento face à sociedade brasileira em estilhaçamento)2. O texto percorre a análise de algumas modalidades ou formas de transição nas práticas de gestão no Brasil, e situa um estudo sobre organização industrial em São Paulo, onde está ocorrendo desde meados da década passada uma experiência que chamo de "abertura democrática", associada a uma nova cidadania em (difícil) gestação no País.