que consequências a sociedade brasileira vivência a partir do instante em que a pessoa vem a público e manifesta abertamente o seu racismo, já que seu discurso minoriza a existência por causa , da cor da pele, textura
e pra uma redação me ajudem pliss!!!!
Soluções para a tarefa
Uma mulher branca e uma negra dividem um banco de metrô. A negra tem o cabelo crespo solto, estilo black power. A branca repara, acha curioso e pede para tocar nas madeixas. A alguns metros dali, um negro vestindo uma blusa com capuz caminha pela avenida ao som do rapper Emicida. Um homem de negócios, de terno e ao celular, atravessa a rua quando o vê. Um idoso internado num hospital do outro lado da cidade reclama com uma negra vestida de branco sobre a demora da médica, sem saber que está falando com a própria. Na televisão, um programa humorístico tem um personagem chamado Africano que emite sons guturais e se comporta como uma besta. O que todas essas situações têm em comum? São casos cotidianos de racismo que passam despercebidos pelas pessoas por causa de um fenômeno que a psicologia social chama de unconscious bias, ou, em português, “viés inconsciente”.
O viés inconsciente é um conjunto de estereótipos sociais, sutis e acidentais que todas as pessoas mantêm sobre diferentes grupos de pessoas. É o olhar automático para responder a situações e contextos para os quais você é treinado culturalmente, como uma programação do cérebro. O ser humano tem a capacidade de pensar rápido ou devagar. Quando decidimos sobre a compra de uma casa, pesamos todos os lados para tomar a decisão. Ou seja, pensamos devagar. Mas, em outras situações do dia a dia, nos baseamos em julgamentos intuitivos que são processados rapidamente pelo cérebro, sem nos darmos conta. São como atalhos que a mente usa porque é mais fácil. O problema é que ele também nos prega peças. Toma decisões com base em associações com memórias antigas, noticiário, novelas, aulas, conversas com familiares e amigos. Nelas, há milhares de estereótipos. Não adianta se ofender e dizer que não é preconceituoso. Se você tem um cérebro, tem viés inconsciente. Sem que perceba, processos neurais e cognitivos tiram conclusões por você, e é aí que entra a discriminação disfarçada.
Claro, ninguém quer assumir que é preconceituoso. A expressão racismo parece remeter a algo de tanto tempo atrás que já não faz parte do nosso cotidiano. Tem relação com conflito: é a divisão das pessoas com base no ódio, o enfrentamento de brancos e negros, aquilo que a história contou sobre o sul dos Estados Unidos ou o apartheid na África do Sul. Obsoleto, démodé. Será? O racismo existe. Só porque não o vemos se manifestar o tempo todo não se pode dizer que ele não esteja aí. Na verdade, essa é parte do problema: o racismo que imaginamos não é simplesmente o que vemos. Ele se reproduz também no invisível e no cotidiano, no que se faz e não se percebe. No viés inconsciente.
No Brasil, essa questão atinge níveis mais drásticos por duas razões: o racismo é velado e vivemos numa sociedade hierarquizada com base em privilégios. Ter privilégios significa usufruir de oportunidades e escolhas sem ter que pensar sobre isso, como ligar a torneira de casa para ter água. Decisões que parecem banais, mas não são, por causa da existência de um conjunto de indivíduos da mesma sociedade que não têm as mesmas oportunidades. É justamente por possuir privilégios que é difícil entender que, apesar da liberdade para se esforçar e lutar pelo que se deseja, não são todos que atingem a linha de chegada com o mesmo sucesso.