Qual influencia a psicologia cultural tem nas relações sociais?
Soluções para a tarefa
Explicação:
Psicologia social é um ramo da psicologia que estuda como as pessoas pensam, influenciam e se relacionam umas com as outras
Resposta:
interação social vem atraindo cada vez mais interesse no interior da Psicologia.
Considerando o uso crescente da expressão, o objetivo deste trabalho é fazer algumas reflexões que supomos deverem estar na base da utilização do termo.
Para tanto, iniciar com uma imagem pode ser útil.
Pensemos em um garoto que se imagina como o gigante de um livro de estórias, andando com imensas botas sobre a Terra, pisando nas árvores, esparrinhando o rio e que, quando coloca a mão no cume da montanha e olha para o vale, vê dois exércitos em luta. Acompanha o combate e vê, claramente, um deles avançar em cunha sobre o outro e, em seguida, expandir-se pelas laterais e cercar, pelos flancos, o segundo, deixando apenas uma fenda na retarguarda por onde o outro começa a refluir e, depois, se espalha e se dilui, desaparecendo na floresta próxima e deixando inúmeros pontos marcando o solo.
Num momento, o gigante saca uma lente do bolso, examina o combate e vê, efetivamente, a luta acontecendo. Na sua lente estão dois soldados com divisas de general, músculos tensos, semialçados nas montadas que controlam com a mão esquerda, enquanto com a direita desfecham golpes de espada em direção ao outro e aparam os golpes que o outro desfecha. Cavalos e cavaleiros se movimentam, articuladamente, um avançando, outro recuando, até que a espada do que avança trespassa o peito do que recua. Este perde o controle da montaria que se desgarra da massa e pára adiante, quando o cavaleiro cai ao chão.
Enquanto isso, o vencedor, brandindo a espada, faz o cavalo girar e olha para seus subordinados mais próximos que, brandindo também a espada, voltam-se para suas próprias fileiras e entoam um grito, um canto que logo se reproduz por todo o exército. A lente do gigante passeia pela massa de soldados e capta o instante em que um soldado grisalho, espada no ar, incentiva um jovem imberbe, olhos arregalados, a repetir-lhe o gesto.
Em meio ao canto de vitória, a atenção do gigante retorna ao general vencido. Rápido, passa a perna por cima da montanha, se agacha e examina o cavaleiro cujo rosto está contraído entre dor e raiva. Vê se aproximar a figura de um soldado que ampara o ferido. No diálogo que se segue, o general faz seu último pedido: que sua espada seja entregue à filha do rei, como prova de um acalentado amor que se consumaria após essa batalha.
Na nossa estória, quando o garoto vê o movimento dos exércitos, está frente a um fato social. Social no sentido do coletivo e de seu funcionamento enquanto uma unidade visível/concebível a partir de uma certa distância (o garoto precisou agigantar-se, olhar de cima, para ver).
Quando, no entanto, o gigante teve que se abaixar, para ver o rosto contraído do general, estava frente ao fato individual. Desse posto de observação, o garoto podia, então, defrontar-se com o psicológico, enquanto funcionamento do indivíduo. Esse psicológico se apresentava tanto numa face objetiva, que se revelava diretamente, como numa face subjetiva, que podia ser inferida da objetiva e que, juntamente com ela, constituía a ação do general.
Na face objetiva estava, por exemplo, o pedido, claramente ouvido pelo garoto, em que o general obteve a mediação do soldado. Na face subjetiva estavam o conhecimento do general sobre o que estava prestes a lhe acontecer a que chamaríamos de componente cognitivo da ação - e o desejo de um último contato com a princesa - a que chamaríamos de componente afetivo da ação, na linha dos teóricos da ação (Ginsburg, Brenner e von Cranach, 1985).
Quando o garoto passeou sua lente e viu compor-se um ritual de vitória, os soldados cantando em uníssono, esse canto configurava um fato cultural. Ao longo de séculos tinha se criado e reproduzido nas guerras daquele reino. Era uma marca de cada um e de todos os soldados. O canto, enquanto produto individual, mas coletivizado e emblemático, constituía um fato cultural, detectavel através da recorrência e da significação compartilhada que uma observação em varredura revelava (o garoto precisou passear sua lente e apurar seu ouvido, captando muitas ocorrências individuais, diferentes entre si, mas sempre reconhecíveis como aquele mesmo canto; a ocasião, as expressões faciais, permitiram-lhe interpretar o significado).
Numa tradução simplificada, pode-se dizer que o nível do social, que o gigante olhou por detrás da montanha, corresponde ao nível de análise da Sociologia. O nível do cultural que captou ao perpassar a lente sobre os soldados corresponde ao nível de análise da Antropologia. E à Psicologia corresponde o nível de análise do individual, quando o gigante aproximou ainda mais o seu foco.
O social- e a ação do outro, depende do outro.