Sociologia, perguntado por mydallagnol, 10 meses atrás

Qual era o método de estudo do sociólogo Emile Durkheim?​

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Respondido por mashuyaka
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Émile Durkheim é um importante teórico positivista do final do século XIX que buscou, de forma sistemática, definir o objeto e o método de investigação a ser utilizado pela sociologia. Pelo alto teor cientifico de sua obra é que a sociologia adentra a universidade e logra reconhecimento no meio acadêmico.

O objeto de pesquisa para Durkheim são os fatos sociais, que segundo ele diferem dos outros fatos de sociedade. Ora, se tudo que se passasse em sociedade fosse objeto da sociologia, assevera ele, não haveria um objeto efetivamente a ser estudado. Então estabelece um critério para definir o que são realmente fatos sociais e conclui que sejam sociais todos os que portem caráter objetivo. Ou seja, aqueles que existem fora do indivíduo e por essa razão são impostos a ele desde o seu nascimento como a maneira de comer, de vestir ou de expressar sua religião. Estes fatos ocorrem com certa regularidade e por serem coletivos, são também gerais, embora alguns compreendam que são gerais e se tornam coletivos, Durkheim rejeita essa concepção em favor da primeira. Em síntese, fato social é “toda maneira de agir, pensar, sentir” e até de fazer em sociedade a qual tenha como características a generalidade (embora isoladamente não sirva como característica), a exterioridade e a coercitividade advinda da imposição sobre o indivíduo que pretenda contestar as regras, concepções e costumes.

Durkheim defende um método objetivo, ou seja; não subjetivo (semelhantemente ao que ocorre no proceder das ciências naturais) e para tal, nos orienta a analisar os fatos como ele se nos apresentam,  nos despindo de nossas pré-noções, sem fazer desses fenômenos um julgamento de valor, para que se torne possível conhecer  não o que é neles patente mas, o que é de fato latente. Pois, a aparência, as impressões que temos das coisas, seriam como um véu que nos impediria a todos de enxergar sua essência, nos impelindo a aceitar como verdade aquilo que parece ser. Portanto, necessário se faz, que o pesquisador se mantenha neutro em relação ao objeto estudado. Daí  a necessidade de tratar os fatos como coisas.

Outra interessante observação de Durkheim é a distinção entre os fatos normais e os fatos patológicos ou anômicos. Os primeiros, define como  aquilo que devem ser, ou seja, o que ocorre em outras sociedades normalmente. Mesmo o crime é nessa concepção um fato normal, pois sempre existiu em toda e qualquer realidade. O que não seria normal nesse caso seria a ausência dele. Logo, a ausência de crime é fato anômico.  Porém, a elevação do número de crimes numa dada sociedade em relação à outras configuraria na ótica Durkheimiana um fato anômico também pois prejudicaria o tecido social.

Conforme o teórico, essa anomia se dava por falta de regras claras e efetivas e não apenas pelas causas econômicas como asseguravam os socialistas, de modo que seria possível através das regras de conduta e das normas impostas, restabelecer a ordem social e promover a saúde deste tecido adaptando os indivíduos ao meio.

Contudo, essa definição de normalidade e patologia deverá ser feita de forma comparativa entre sociedades da mesma espécie, de épocas e estruturas sócio-econômica compatíveis.

Bibliografia:

DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. Tradução de Pietro Nassetti. 2ª ed.São Paulo: Martin Claret, 2008. 151 p.

MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia.São Paulo:Brasiliense, 2004. 94 p. (Coleção primeiros passos; 57)

Respondido por f17mc5
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O MÉTODO SOCIOLÓGICO DE DURKHEIM

Idéias centrais do método sociológico de Durkheim

Podemos dizer que o método sociológico de Durkheim apresenta algumas idéias centrais, que percorrem toda a extensão de sua visão sociológica. São elas:

1) Contraposição ao conhecimento filosófico da sociedade: A filosofia possui um método dedutivo de conhecimento, que parte da tentativa de explicar a sociedade a partir do conhecimento da natureza humana. Ou seja, para os filósofos o conhecimento da sociedade pode ser feito a partir de dentro, do conhecimento da natureza do indivíduo. Como a sociedade é formada pelos indivíduos, a filosofia tem a prática de explicar a sociedade (e os fatos sociais) como uma expressão comum destes indivíduos. De outro lado, se existe uma natureza individual que se expressa coletivamente na organização social, então pode-se dizer que a história da humanidade tem um sentido, que deve ser a contínua busca de expressão desta natureza humana. Para Adam Smith, por exemplo, dado que o homem é, por natureza, egoísta, motivado por fatores econômicos e propenso às trocas, a sociedade de livre mercado seria a plena realização desta natureza. Para Hegel, a história da humanidade tendia a crescentemente afirmar o espírito humano da individuação e da liberdade. Para Marx, a história da sociedade era a história da dominação e da luta de classes, e a tendência seria a afirmação histórica, por meio de sucessivas revoluções, da liberdade humana e da igualdade, por meio do socialismo.

Para Durkheim, estas concepções eram insuportáveis, pois eram deduções e não tinham validade científica, eram crenças fundamentadas em concepções a respeito da natureza humana. Durkheim acreditava que o conhecimento dos fatos sociológicos deve vir de fora, da observação empírica dos fatos.

2) Os fenômenos sociais são exteriores aos indivíduos: a sociedade não seria simplesmente a realização da natureza humana, mas, ao contrário, aquilo que é considerado natureza humana é, na verdade, produto da própria sociedade. Os fenômenos sociais são considerados por Durkheim como exteriores aos indivíduos, e devem ser conhecidos não por meio psicológico, pela busca das razões internas aos indivíduos, mas sim externamente a ele na própria sociedade e na interação dos fatos sociais. Fazendo uma analogia com a biologia, a vida, para Durkheim, seria uma síntese, um todo maior do que a soma das partes, da mesma forma que a sociedade é uma síntese de indivíduos que produz fenômenos diferentes dos que ocorrem nas consciências individuais (isto justificaria a diferença entre a sociologia e a psicologia).

3) Os fatos sociais são uma realidade objetiva: ou seja, para Durkheim, os fatos sociais possuem uma realidade objetiva e, portanto, são passíveis de observação externa. Devem, desta forma, ser tratados como "coisas".

4) O grupo (e a consciência do grupo) exerce pressão (coerção) sobre o indivíduo: Durkheim inverte a visão filosófica de que a sociedade é a realização de consciências individuais. Para ele, as consciências individuais são formadas pela sociedade por meio da coerção. A formação do ser social, feita em boa parte pela educação, é a assimilação pelo indivíduo de uma série de normas, princípios morais, religiosos, éticos, de comportamento, etc. que balizam a conduta do indivíduo na sociedade. Portanto, o homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela.

Referências:

DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico.Martins fontes. 2007.

<http://www.culturabrasil.pro.br/durkheim.htm> acesso em 23 de Setembro de 2005 às 21:00 PM.

<http://gestor.ea.ufrgs.br/adp/durkheim_adp014_2000_1.html> acesso em 11 de Outubro de 2005 às 10:25 AM.

Bianca Wild.  

Cientista social (Socióloga)  

Bolsista do CNPq AT-NS

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