quais foram as medidas assumida por Dutra, a partir de 1947, que favoreceram largamente os empresarios nacionais e estrangeiros?
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Eurico Gaspar Dutra nasceu em Cuiabá no dia 18 de maio de 1883, filho de José Florêncio Dutra e de Maria Justina Dutra. Desde que completou 19 anos de idade, e ao longo de toda a sua vida, constou — em registros e documentos oficiais, artigos e livros sobre sua pessoa — o ano de 1885 como o de seu nascimento, porque seu pai obteve uma certidão forjada a fim de possibilitar sua entrada no Exército. Modesto comerciante em Cuiabá, seu pai foi também veterano da Guerra do Paraguai e chegou a capitão honorário no governo de Floriano Peixoto (1891-1894). Seu irmão Ivan Dutra seguiu igualmente a carreira militar, tendo atingido o posto de brigadeiro na Aeronáutica.
Eurico Gaspar Dutra fez o curso primário na escola municipal dirigida pela professora Bernardina Riche. Sempre em Cuiabá, fez os estudos secundários no Externato São Sebastião e no Liceu Cuiabano. Em 1901, com a idade de 18 anos, tentou alistar-se no Exército em sua cidade natal, disposto a seguir a carreira das armas, mas a junta de saúde que o examinou considerou-o incapacitado, excluindo-o do serviço militar. Segundo seu genro Mauro Renault Leite, citado por Osvaldo Trigueiro do Vale, “ele na época tinha mesmo um físico franzino e aparentava menos idade do que realmente tinha”. Aconselhado por amigos e parentes, e munido da falsa certidão de nascimento, que lhe diminuía em dois anos a idade, apresentou-se a outra junta de saúde, em Corumbá (MT), a qual não lhe vetou a entrada no Exército, de vez que, agora, seu físico era compatível com a idade declarada.
Em março de 1902, deixou Cuiabá para se engajar na Escola Preparatória e de Tática do Rio Grande do Sul, localizada na cidade de Rio Pardo. Transferida a escola para Porto Alegre em 1903, aí concluiu os estudos no ano seguinte, depois de ter sido sargenteante de sua companhia. Ainda em 1904, no mês de abril, matriculou-se na antiga Escola Militar do Brasil (a Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal). Pouco mais tarde, em 14 de novembro do mesmo ano, participou do levante irrompido nessa unidade contra o governo do presidente Rodrigues Alves. Tendo como pano de fundo social o mal-estar das massas populares da então capital federal e como estopim a resistência à vacinação obrigatória da população, decretada pelo governo, o movimento foi debelado no mesmo dia e resultou no fechamento da Escola Militar. Pela sua participação no levante — foi a primeira e última vez que pegou em armas contra a ordem estabelecida, como assinalou José Caó —, Dutra foi expulso da escola, juntamente com os demais alunos revoltosos, e lotado no 24º Batalhão de Infantaria, sempre no Rio de Janeiro.
Em dezembro de 1904, deixou o Exército e voltou para a casa de seus pais, em Cuiabá, acabrunhado. Entretanto, no dia 6 de setembro de 1905, após longos meses de expectativa, foi beneficiado pela anistia decretada pelo governo. Reincluído no 24º Batalhão de Infantaria, em novembro já estava de novo na Escola Militar, agora sediada no subúrbio carioca do Realengo, onde antes funcionava a Escola Preparatória e de Tática do Rio de Janeiro. Em março de 1906, prestou os exames relativos a 1904. Aprovado, seguiu no mesmo ano para Porto Alegre.
Como cadete da Escola de Guerra de Porto Alegre, foi contemporâneo de Pedro Aurélio de Góis Monteiro, que viria a ser seu colega da alta cúpula militar entre 1935 e 1945. Em 1907, ambos participaram, com o então estudante de direito Getúlio Vargas (também ex-aluno da Escola Preparatória e de Tática de Rio Pardo, da qual se desligara em 1902), da formação do Bloco Acadêmico Castilhista. A organização de estudantes civis e militares e seu jornal O Debate foram criados para apoiar a campanha de Carlos Barbosa Gonçalves, do dominante Partido Republicano Rio-Grandense (PRR), ao governo do estado. Eleito, Carlos Barbosa governaria o Rio Grande do Sul entre 1908 e 1913, no intervalo entre dois longos períodos de governo de Antônio Augusto Borges de Medeiros.
Dutra foi declarado aspirante-a-oficial em fevereiro de 1908, passando a servir no 17º Regimento de Cavalaria. Entretanto, afastou-se desse regimento logo a seguir, para cursar a Escola de Artilharia e Engenharia, onde se aperfeiçoou em mecânica, balística e metalurgia. Posteriormente, foi mandado servir no 13º Regimento de Cavalaria, apresentando-se aí em fevereiro de 1910. Instrutor de recrutas, recebeu sua primeira promoção, a segundo-tenente, em abril do mesmo ano.
Em julho de 1912, foi nomeado instrutor da Escola de Artilharia e Cavalaria. Entre 1912 e 1915, foi ainda instrutor de cavalaria da Escola Militar do Realengo, da Escola Preparatória do Exército e da Escola de Aplicação de Artilharia e Engenharia. Condensou sua experiência de instrutor no livro Exercícios de quadros,publicado em 1915, ano em que passou a servir no 1º Regimento de Cavalaria, no Rio de Janeiro. Em 1916, publicou Duas táticas em confronto, livro em que fazia o estudo comparativo do emprego da cavalaria por franceses e alemães.