Propostas de cunho interdisciplinar não são apenas frutos das pesquisas sobre o ensino, elas estão presentes na legislação educacional brasileira, algumas vezes de maneira explícita; em outras, aparecem sutilmente como consequência das necessárias mudanças no ensino escolar. Tanto nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), quanto na legislação nacional da década de 1960 e de 1970, notamos referência à integração das disciplinas.
Entre os volumes que compõem Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), há, inclusive, um dedicado inteiramente a discussões sobre a interdisciplinaridade. Trata-se do volume intitulado "Temas Transversais". Os PCN, desde seus objetivos, fazem referência a uma educação capaz de transformar a realidade social dos alunos. Assim, de que maneira o professor de História deve trabalhar os conteúdos curriculares com seus estudantes?
Soluções para a tarefa
Resposta: Um exercício interessante para o professor é pensar em como fazer essa exposição e não apenas no que ensinar, ou nos conteúdos em si. “É preciso quebrar o paradigma de que a História apresentada é definitiva, verdade acabada e fixa. A História é um campo de conhecimento em permanente construção”, ressalta o doutor em Educação, Paulo Eduardo Dias de Mello, professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Ele indica que o aluno seja estimulado com perguntas do tipo: como pudemos saber isso sobre o passado? Ou como sabemos o que sabemos? “Os currículos de História são extensos como um lago gigantesco, mas possuem apenas um dedo de profundidade. O peso dos conteúdos está na abordagem e nos procedimentos metodológicos que utilizo em sala de aula. Se posso optar por uma visão panorâmica e extensa, isso não significa que não posso realizar mergulhos e aprofundamentos em determinados temas”, explica.
*Quais fontes de informação usar*
Além de apresentar o passado em uma única e certa narrativa, que pode ser ilustrada por meio de documentos, é possível conduzir o aluno um passo além. Trata-se de fazer as crianças e jovens refletirem sobre as explicações apresentadas em sala de aula, como elas foram elaboradas, se entram em divergência e de que forma essas contradições são superadas. “É preciso selecionar e usar fontes históricas na sala de aula, evitando que elas sejam meras evidências ou provas do passado”, diz Mello.
Hoje, a produção didática incorpora ao livro escolar um conjunto valioso de documentos escritos e não-escritos (inclusive com conteúdos digitais), além de textos de historiadores. “Existem alguns livros que trabalham com propostas de projetos de investigação e trazem conjuntos de documentos diversos organizados em dossiês temáticos”, afirma Mello. Um exemplo é a coleção História em Documento (editora FTD). Assim, professor e aluno não possuem apenas o texto didático propriamente dito, definido pela narrativa do autores. Isso possibilita maior flexibilidade para buscar e utilizar diferentes fontes documentais disponíveis.