[...] Poti levantava a taba de seus guerreiros na margem do rio e esperava o irmão que lhe prometera voltar. Todas as manhãs subia ao morro das areias e volvia os olhos ao mar, para ver se branqueava ao longe a vela amiga. Afinal volta Martim de novo às terras, que foram de sua felicidade, e são agora de amarga saudade. Quando seu pé sentiu o calor das brancas areias, em seu coração derramou-se um fogo, que o requeimou: era o fogo das recordações que ardiam como a centelha sob as cinzas. [-]Muitos guerreiros de sua raça acompanharam o chefe branco, para fundar com ele a mairi dos cristãos. Veio também um sacerdote de sua religião, de negras vestes, para plantar a cruz na terra selvagem. Poti foi o primeiro que ajoelhou aos pés do sagrado lenho; não sofria ele que nada mais o separasse de seu irmão branco. Deviam ter ambos um só deus, como tinham um só coração. Ele recebeu com o batismo o nome do santo, cujo era o dia; e o do rei, a quem ia servir, e sobre os dois o seu, na língua dos novos irmãos. Sua fama cresceu e ainda hoje é o orgulho da terra, onde ele primeiro viu a luz. A mairi que Martim erguera à margem do rio, nas praias do Ceará, medrou. Germinou a palavra do Deus verdadeiro na terra selvagem; e o bronze sagrado ressoou nos vales onde rugia o maracá. [...]
1. Qual é a missão de Martim ao voltar?
a) Transcreva em seu caderno o trecho em que essa missão fica evidente.
b) Ao tratar da conversão dos indígenas, Alencar consegue abandonar sua visão de homem branco e civilizado? Explique.
2. Martim e Poti representam, respectivamente, a cultura europeia e a indígena. Como se comporta Poti diante da possibilidade de converter-se à religião de Martim?
O que simboliza, do ponto de vista cultural, a conversão de Poti?
Soluções para a tarefa
1. A missão de Martim ao voltar era converter os indígenas e colonizar novas terras, ou seja, sua missão era fundar a "mairi dos cristãos".
a) "Muitos guerreiros de sua raça acompanharam o chefe branco, para fundar com ele a mairi dos cristãos. Veio também um sacerdote de sua religião, de negras vestes, para plantar a cruz na terra selvagem".
b) Não, José de Alencar mantém sua visão de homem branco e civilizado ao escrever Iracema. No livro, José de Alencar fala sobre a catequização dos indígenas como algo natural e necessário, considerando os povos indígenas como "selvagens" e ignorando toda a sua cultura.
2. Diante a possibilidade de conversão, Poti ajoelha feliz diante a cruz porque, de acordo com ele, a partir dali não haveria mais nada que o separasse do seu irmão branco. De forma simbólica, a conversão de Poti se refere à colonização das terras e sobre como foi fácil converter os povos indígenas, que encaravam a religião cristã como sua salvação.
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