Filosofia, perguntado por LeVasconcelos7569, 10 meses atrás

porque a tese de platão sobre a alma humana é tão importante para entender sua doutrina a respeito da felicidade? podem ajudar

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Respondido por JulianaAlves81
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Platão afirma que a alma racional é imortal. As provas da imortalidade da alma variam de diálogo para diálogo, à medida que a influência de Sócrates vai diminuindo e a dos pitagóricos órficos vai aumentando sobre sua filosofia. Por isso, na Apologia, a questão de saber se há uma vida após a morte e que tipo de vida será, fica em suspenso. Sócrates não parece muito empenhado em discutir o assunto. Ao contrário, nos diálogos da velhice, Platão discute em profundidade essa questão, aceitando a teoria órfico-pitagórica da reencarnação ou transmigração das almas e a da filosofia como purificação ou ascese espiritual para vencer a "roda dos nascimentos" 
As principais provas da imortalidade da alma são oferecidas no Mênon, no Fédon, no Fedro, na República e nas Leis, podendo ser assim resumidas: 

1) prova pela reminiscência: vimos que, tanto no Mênon quanto na República e no Fedro, a alma pode conhecer a verdade porque se recorda ou se lembra dela, e a reminiscência da verdade pressupõe que esta tenha sido contemplada numa outra vida; 
2) prova Pela simplicidade: o que é composto por natureza tende a separar-se, as partes dividindo-se e distanciando-se, de sorte que o composto morre ou desaparece; ora, a alma racional é imaterial e simples como as idéia s e,, por sua simplicidade, não pode desfazer-se, separar-se, desaparecer ou morrer; 
3) prova pela participação da alma na idéia de vida: a alma é o sopro vital, o princípio de vida de todas as Coisas e, portanto, não pode receber nem Participar do que é contrário à sua idéia ou à sua essência, isto é, a morte. 
4) prova pelo princípio do movimento daquilo que move a si mesmo' aquilo que é movido por outro deixa de se mover quando a causa do movimento cessa; a alma não é movida por nada, mas move todas as coisas e move a si mesma; o que move a si mesmo é inengendrado e o que é inengendrado é imortal; 
5) prova pela imutabilidade do incorpóreo: somente os corpos aumentam ou diminuem, mudam-se nos seus contrários e podem ser destruídos pela ação de outros corpos, mas o que é imaterial ou incorpóreo não aumenta nem diminui e nada há que possa destruí-lo de fora; a alma, sendo imaterial, não sofre transformações em sua essência e por isso permanece, sempre; sendo eterna, é imortal. 

Aparentemente, as provas da imortalidade da alma estariam em contradição com a teoria da transmigração ou da reencarnação, pois esta pressupõe que a alma seja afetada pelos vícios do corpo, pelas paixões da concupiscência da cólera, não sendo portanto imutável nem simples e não podendo ser imortal. Na verdade, porém, o peso do corpo e das paixões sobre a alma, que leva Platão a dizer que o corpo é prisão da alma, não destrói sua imortalidade. A essência da alma não é transformada pelo corpo, mas prejudicada por ele, isto é, o corpo pode criar obstáculos para que a alma realize plenamente sua natureza e é por este motivo que está submetida à "roda dos nascimentos", destinada a libertar-se cada vez mais dos elementos corpóreos para, finalmente, não mais precisar nascer.
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