PARA NIETZSCHE, O QUE APRISIONA O HOMEM? *
Soluções para a tarefa
Resposta:
Nietzsche possui uma hipótese: a má consciência é uma profunda doença que o homem contraiu. Isso significa que todo o árduo processo de construção de um indivíduo soberano, legislador, criador de valores se perdeu quando a cultura criou para si o homem dependente, malogrado, fraco! O indivíduo passa a, em vez de afirmar-se pela diferença, afirmar-se pela igualdade, procurar sempre aquilo que é o mesmo em si e no outro.
Enquanto o homem dispunha de si mesmo, de seus valores, sua força, nenhuma má consciência lhe vinha abater-lhe o espírito, ele a sacudia logo que aparecia! A partir do momento em que escolheu viver em celas apertadas demais para sua vontade de potência, sua ânsia de dominar e de viver, a má consciência fincou raízes profundas criando o que conhecemos hoje por espírito ou alma. Pelo menos esta é a hipótese de Nietzsche, a cisão radical do homem com as forças que o habitam tem sido o principal fator de sua doença.
Quanto maior a retração dos instintos, maior a interiorização do homem. Mais crescem suas galerias, corredores, cavernas e segredos. O homem que caçava, conquistava, coletava, dominava, explorava, agora corre por entre estas passagens internas recentemente abertas e ainda demasiadamente estreitas. O homem selvagem foi domesticado à força e agora pode ser encontrado debatendo-se dentro de seu próprio corpo.
Explicação:
Aqui está a origem óbvia, explícita, da má consciência: uma força barrada, impedida de se manifestar. Nietzsche fala de imposições culturais, históricas e religiosas que obrigam os impulsos mais naturais e genuínos do homem a voltarem-se contra ele mesmo. Uma vontade de potência impedida de encontrar seus caminhos para fora. Este processo cria uma tensão constante, que não tem para onde fluir. O resultado é a sensação permanente de desconforto, irritabilidade. Esta condição cansa o ser humano, o fadiga. Preso em seu cativeiro ele procura por meios de saciar-se, sem sucesso.
Esse animal que querem ‘amansar’, que se fere nas barras da própria jaula, este ser carente, consumido pela nostalgia do ermo, que a si mesmo teve de converter em aventura, câmara de tortura, insegura e perigosa mata – esse tolo, esse prisioneiro presa da ânsia e do desespero tornou-se o inventor da ‘má consciência’”