O SOCORRO
Ele foi cavando, cavando, cavando, pois sua profissão – coveiro – era cavar. Mas, de repente, na
distração do ofício que amava, percebeu que cavara demais. Tentou sair da cova e não conseguiu.
Levantou o olhar para cima e viu que, sozinho, não conseguiria sair. Gritou. Ninguém atendeu. Gritou
mais forte. Ninguém veio. Enrouqueceu de gritar, cansou de esbravejar, desistiu com a noite.
Sentou-se no fundo da cova, desesperado. A noite chegou, subiu, fez-se o silêncio das horas tardias.
Bateu o frio da madrugada e, na noite escura, não se ouvia um som humano, embora o cemitério
estivesse cheio de pipilos e coaxares naturais dos matos. Só pouco depois da meia-noite é que lá
vieram uns passos. Deitado no fundo da cova o coveiro gritou. Os passos se aproximaram. Uma
cabeça ébria apareceu lá em cima, perguntou o que havia: - “O que é que há?”
O coveiro então gritou desesperado: -- “Tire-me daqui, por favor. Estou com um fio terrível! –
Mas, coitado!” condoeu-se o bêbado – “Tem toda razão de estar com frio. Alguém tirou a terra de
cima de você, meu pobre mortinho!” E pegando a pá, encheu-a de terra e pôs-se a cobri-lo
cuidadosamente.
Moral: Nos momentos graves é preciso verificar muito bem a quem se apela.
Fernandes, Millôr. Disponível em:
03) De todas as características abaixo, a única que não se observa no coveiro descrito no texto é:
a) trabalhador
b) apavorado
c) persistente
d) distraído
Soluções para a tarefa
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Resposta:
Persistente
Explicação:
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