O controverso filósofo esloveno Slavoj Žižek chama a sociedade atual de "descafeinada", em alusão ao fato de que tiramos dos produtos que consumimos suas substâncias nocivas, para seguir consumindo — livres de pecado — o café sem cafeína, o creme de leite sem gordura, a cerveja sem álcool.
Para Žižek, a "crença descafeinada" não ofende ninguém e nem mesmo precisamos estar totalmente comprometidos com ela. "Não se trata mais da antiga noção de medida certa entre prazer e temperança, mas a coisa que é prejudicial já deve conter em si o remédio para os males que causa. Não nos dizem mais 'beba café, mas com moderação', agora é 'beba todo o café que quiser, pois o café já está descafeinado'", escreve o filósofo. Tal comportamento nos permitiria seguir vivendo a vida que desejamos, sem incorporar as consequências negativas desse modo de vida.
PINTO, D. Um lugar na terra. Revista Página 22. Disponível em: pagina22. Acesso em: 10 jan. 2013 (adaptado).
Ao abordar a questão da alimentação saudável, o filósofo Slavoj Žižek procura
a) alertar sobre o consumo de certos alimentos, em que a retirada de substâncias consideradas nocivas pode ocasionar deficiências nutricionais.
b) apontar o avançado estágio de desenvolvimento da sociedade atual, que é capaz de produzir alimentos e objetos modificados de forma que sejam adequados a diversos usos.
c) criticar a obsessão por alimentos saudáveis presente nos dias atuais, que deixa de lado o bom senso e os princípios para uma dieta equilibrada.
d) divulgar exemplos de situações em que, com algum sacrifício, é possível manter uma dieta saudável, com a utilização de alimentos especialmente desenvolvidos.
e) defender que seja respeitado o direito das pessoas de consumirem alimentos que lhes dão prazer, porém na versão light, sem relacioná-los à noção de pecado.
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A descrição de nossa sociedade como "descafeinada" por Slavoj é direcionada às implicações sócio-comportamentais da retirada das substâncias nocivas em nossa alimentação. Ele não condena a saúde proveniente de tal prática, mas sim a perda da noção de moderação, pois criamos a prática de exigir o remédio de nossos males nos próprios males (o café tem de estar sem cafeína, a cerveja tem de vir sem álcool, etc). Perde-se a relação prazer-moderação e torna-se mais fácil abraçar o excesso, sob a ilusão de que este não mais existe. A alternativa que abarca este pensamento corretamente é a alternativa c).
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