No filme Crimes e pecados, de Woody Allen, um certo professor Levy, personagem da história, diz que nos apaixonamos para corrigir o nosso passado. Frase rápida, aparentemente simples, e no entanto com um significado tão perturbador. A questão não é por que nos apaixonamos por Roberto e não por Vitor, ou por que nos apaixonamos por Elvira e não por Débora. A questão é: por que nos apaixonamos? Estamos sempre tentando justificar a escolha de um parceiro em detrimento de outro, e não raro dizemos: "Não entendo como fui me apaixonar logo por ele". Mas não é isso que importa. Poderia ser qualquer um. A verdade é que a gente decide se apaixonar. Está predisposto a envolver-se – o candidato a esse amor tem que cumprir certos requisitos, lógico, mas ele não é a razão primeira de termos sucumbido. A razão primeira somos nós mesmos. Cada vez que nos apaixonamos, estamos tendo uma nova chance de acertar. Estamos tendo a oportunidade de zerar nosso hodômetro1. De sermos estreantes. Uma pessoa acaba de entrar na sua vida, você é 0km para ela. Tanto as informações que você passar quanto as atitudes que tomar serão novidade suprema – é a chance de você ser quem não conseguiu ser até agora. Um novo amor é a plateia ideal para nos reafirmarmos. Nada será cobrado nos primeiros momentos, você larga com vantagem, há expectativa em relação a suas ideias e emoções, e boa vontade para aplaudi-las. Você é dono do roteiro, você conduz a trama, apresenta seu personagem. Estar apaixonado por outro é, basicamente, estar apaixonado por si mesmo, em novíssima versão. [. ]
Cada vez que alguém diz que está precisando se apaixonar, está é precisando corrigir o passado, como diz o personagem do filme. [. ]
Como é complicado viver. *Vocabulário:
1hodômetro: um equipamento destinado a medir a distância percorrida. MEDEIROS, Martha. Apaixonados. In: Coisas da vida. Porto alegre: L&PM, 2005
Nesse texto o trecho que apresenta uma opinião é:
"A questão é: por que nos apaixonamos?". (2º parágrafo)
"Uma pessoa acaba de entrar na sua vida,. ". (3º parágrafo)
"Nada será cobrado nos primeiros momentos,. ". (4º parágrafo)
"Você é dono do roteiro,. ". (4º parágrafo)
"Como é complicado viver. ". (6º parágrafo)
Soluções para a tarefa
O trecho que apresenta uma opinião no texto sobre Woody Allen está em "Como é complicado viver" (6º parágrafo), última alternativa. O trecho apresenta um pensamento subjetivo, não um fato ou uma informação.
Mapeando a opinião
O trecho que expressa uma opinião está em "Como é complicado viver", no 6º parágrafo. Dentre todas as alternativas, a frase em questão endereça uma opinião, uma vez que as complicações no viver são subjetivas e, dessa forma, outras pessoas podem não achar o ato de viver complicado. Portanto, o trecho requer a interpretação de uma conclusão pessoal, não universal. Trata-se de um ponto de vista individual, pois mesmo que o sentimento possa vir a ser compartilhado por outros, isto não torna-o um fato.
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