Maldito, maldito criador! Por que eu vivo? Por que não extingui, naquele instante, a centelha de vida que você tão desumanamente me concedeu? Não sei! O desespero ainda não se apoderara de mim. Meus sentimentos eram de raiva e vingança. Quando a noite caiu, deixei meu abrigo e vagueei pelos bosques. (...) Oh! Que noite miserável passei eu! Sentia um inferno devorar-me, e desejava despedaçar as árvores, devastar e assolar tudo o que me cercava, para depois sentar-me e contemplar satisfeito a destruição. Declarei uma guerra sem quartel à espécie humana e, acima de tudo, contra aquele que me havia criado e me lançara a esta insuportável desgraça! Mary Shelley. Frankenstein. 2ª ed. Porto Alegre: LPM, 1985. O trecho acima, extraído de uma obra literária publicada pela primeira vez em 1818, pode ser lido corretamente como uma a) apologia à guerra imperialista, incorporando o desenvolvimento tecnológico do período. b) crítica à condição humana em uma sociedade industrializada e de grandes avanços científicos. c) defesa do clericalismo em meio à crescente laicização do mundo ocidental. d) recusa do evolucionismo, bastante em voga no período. e) adesão a ideias e formulações humanistas de igualdade social.
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Soluções para a tarefa
É correta a alternativa B, já que Frankenstein (o monstro, não o doutor) que Mary Shelley descreve pode ser lido como uma metáfora para a situação do homem comum no século XIX.
Frankenstein é descrito como alguém que é condenado ao sofrimento por sua própria natureza (ele é um monstro, construído a partir das partes de diversos cadáveres) e que nasceu de um experimento científico que desrespeitou qualquer limite da moral ou da dignidade humana, sendo uma crítica ao modo como as sociedades se desenvolviam então e o tipo de ressentimento humano que produziam nas classes dominadas.
Resposta:
Alternativa correta: letra B
Explicação:
O texto de apoio selecionado ajuda muito pouco na realização da questão, sendo a data de publicação muito mais relevante para chegar-se à alternativa correta. A Inglaterra do início de século XIX estava em pleno processo de Revolução Industrial. A questão da condição humana está, de fato, evidente no excerto, entretanto, para inferir que essa condição tinha relação com a industrialização e os avanços científicos, é necessário, através da data e local de publicação, entender o contexto da Inglaterra do início do século XIX e sua influência nas reflexões da obra.