Filosofia, perguntado por guilhermepereiravet, 11 meses atrás

Leia o seguinte excerto de “Contra o método”, de Feyerabend:

A ideia de um método que contenha princípios firmes, imutáveis e absolutamente obrigatórios para conduzir os negócios da ciência depara com considerável dificuldade quando confrontada com resultados da pesquisa histórica. Descobrimos, então, que não há uma única regra, ainda que plausível e solidamente fundada na epistemologia, que não seja violada em algum momento.

Assinale, a partir do texto e de seus estudos, V (verdadeiro) ou F (falso):

Feyerabend defende que confirmações do método científico são necessárias para o progresso da ciência.

Força, propaganda e lavagem cerebral são exemplos de fatores que desempenham um papel importante no desenvolvimento do conhecimento científico, de acordo com Feyerabend.

Feyerabend discorda de Popper quando este diz que hipóteses ad hoc sempre devem ser evitadas na ciência.

Feyerabend afirma que a ciência ocidental é hoje dominante por uma razão muito simples: seus métodos e técnicas de investigação são inegavelmente mais racionais e superiores aos de qualquer outro empreendimento humano.

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Respondido por elamambretti
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Sobre “Contra o método”, de Feyerabend:

( F ) Feyerabend defende que confirmações do método científico são necessárias para o progresso da ciência.

( V ) Força, propaganda e lavagem cerebral são exemplos de fatores que desempenham um papel importante no desenvolvimento do conhecimento científico, de acordo com Feyerabend.

( V ) Feyerabend discorda de Popper quando este diz que hipóteses ad hoc sempre devem ser evitadas na ciência.

( F ) Feyerabend afirma que a ciência ocidental é hoje dominante por uma razão muito simples: seus métodos e técnicas de investigação são inegavelmente mais racionais e superiores aos de qualquer outro empreendimento humano.

Feyerabend apresenta na sua obra, a concepção da ciência como um empreendimento essencialmente anárquico, justificando tal princípio como o único capaz  de produzir progresso, da mesma forma que, na sua  opinião, somente através do anarquismo teorético é  possível readquirir o caráter humanitário do fazer científico.

Questiona as concepções que entendem que o  pensamento científico é o único saber que deve ser considerado em detrimento dos demais, quais sejam, do  senso comum, do saber religioso ou ideológico.

Além disso, defende que somente haverá evolução do  pensamento humano se este romper com a ordem e  com as regras científicas historicamente estabelecidas  por sistemas epistemológicos rígidos e essencialmente, centrados nas metodologias.

Feyerabend resume sua tese, dizendo que “só há um princípio que pode  ser defendido em todas as circunstâncias e em todos  os estágios do desenvolvimento humano. É o princípio: tudo vale.”

Feyerabend não pretende substituir um conjunto de regras por outro, mas  mostrar como “todas as metodologias, inclusive as mais óbvias, têm limitações”, são muitas vezes, irracionais e que além disso, determinadas demonstrações  e argumentações consideradas “racionais”, são ilusórias e tão ideologizadas quanto a política e a religião.

Feyerabend nos diz explicitamente que pode haver muitos tipos diferentes de ciência A ciência ocidental ou do "primeiro mundo" é uma ciência entre muitas.

Feyerabend revoluciona novamente, quanto diz que  nenhuma teoria deve ter a pretensão de abarcar todos  os fatos, pois isto é impossível. Além disso, alerta para  o fato de que “a exigência de tão-somente admitir teorias que decorram dos fatos deixam-nos sem teoria”.  

Com certeza, a maior controvérsia engendrada pelas  teses de Feyerabend se refere ao que ele chama artifícios psicológicos que muitos cientistas utilizam para  sustentar e consolidar suas teorias.

Neste sentido, ele  se aproxima de Kuhn, pois argumenta que uma concepção é aceita pela comunidade científica, não apenas por responder os problemas investigados, mas também, por mecanismos subjetivos que vão desde a respeitabilidade do cientista ou do grupo de pesquisadores que apresentaram a nova teoria, até os recursos de  “propaganda” por eles utilizados.

E salienta, que se  estes recursos forem corretamente utilizados, passam  a funcionar como verdadeiras “muletas psicológicas”,  criando “a impressão de que essa tendência existia em  nós desde sempre, embora fosse necessário algum esforço para torná-la consciente”. Isto inclusive, estabelece uma alteração na percepção e os indivíduos  passam a olhar o fenômeno de acordo com as “ideias manipuladas”.

Na sua concepção, o caráter ad hoc nem é desprezível  nem está ausente do corpo da ciência e salienta que  as “idéias novas são quase inteiramente ad hoc e não  podem ser senão assim”.

Neste sentido, contraria  Popper, quando este diz que os bons cientistas devem  recusar a utilização de hipóteses ad hoc e que quando  estas, eventualmente se insinuem no processo, precisam ser desprezadas.

Concorda com Kuhn quando defende que a ciência é uma mistura inextricável de intuição, lógica, carisma e propaganda; ou quando diz que examinando as ciências não  mais do ponto de vista teórico, mas a partir de sua prática, descobriremos que não existe diferença entre ciência e outra ideologias, ou entre ciência e mito.

Bons estudos!

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