ENEM, perguntado por weslleymatheus7303, 10 meses atrás

João Romão foi, dos treze aos vinte e cinco anos, empregadode um vendeiro que enriqueceu entre as quatro paredes deuma suja e obscura taverna nos refolhos do bairro do Botafogo;e tanto economizou do pouco que ganhara nessa dúzia deanos, que, ao retirar-se o patrão para a terra, lhe deixou, empagamento de ordenados vencidos, nem só a venda com o queestava dentro, como ainda um conto e quinhentos em dinheiro.Proprietário e estabelecido por sua conta, o rapaz atirou-se àlabutação ainda com mais ardor, possuindo-se de tal delírio deenriquecer, que afrontava resignado as mais duras privações.Dormia sobre o balcão da própria venda, em cima de umaesteira, fazendo travesseiro de um saco de estopa cheio depalha. A comida arranjava-lha, mediante quatrocentos réis por dia, uma quitandeira sua vizinha, a Bertoleza, crioula trintona,escrava de um velho cego residente em Juiz de Fora e amigadacom um português que tinha uma carroça de mão e fazia fretesna cidade.Bertoleza também trabalhava forte; a sua quitanda era a maisbem afreguesada do bairro. De manhã vendia angu, e à noitepeixe frito e iscas de fígado; pagava de jornal a seu dono vintemil-réis por mês, e, apesar disso, tinha de parte quase que onecessário para a alforria. Um dia, porém, o seu homem, depoisde correr meia légua, puxando uma carga superior às suasforças, caiu morto na rua, ao lado da carroça, estrompado comouma besta.AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. Porto Alegre: L&PM, 1998. Ao abrir o romance descrevendo, em oposição, João Romão eBertoleza, o narrador enfatiza um olhar social demarcado pelaA condição desigual dos dois trabalhadores, defnidas porquestões raciais.B valorização do trabalho, que possibilita a esperança deenriquecimento para ambos.C convivência harmoniosa e altruísta, que visa a cumplicidadeem âmbito público.D demarcação etária como imprescindível para o sucessoprofssional.E velada crítica ao capitalismo, visto que os proprietáriosfcam esgotados e retiram-se para a terra ou morrem.

Soluções para a tarefa

Respondido por jalves26
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O narrador enfatiza um olhar social demarcado pela:

A) condição desigual dos dois trabalhadores, definidas por questões raciais.

O narrador estabelece uma oposição entre João Romão e Bertoleza, na medida em que ele enriquece com o seu trabalho e com o dinheiro deixado por seu patrão e ela, mesmo trabalhando tanto quanto ele, terá como única recompensa a sua carta de alforria.

Ou seja, mesmo que ela junte muito dinheiro, não ficará rica, pois gastará tudo comprando sua liberdade.

Então, o fator racional acaba determinando a condição social e econômica.

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