Inglês, perguntado por luanesantos25, 6 meses atrás

Jango herdeiro político Presidente Getúlio Vargas ficará livre das amarras impostas pelo congresso 2 anos antes em 1961 logo depois da renúncia de Jânio Quadros que amarras foram essas

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Respondido por MATEUSANDRZEJEWSKI
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Resposta:

Na noite de 16 de dezembro de 1962, um avião do governo norte-americano pousou no aeroporto internacional de Brasília trazendo o secretário da Justiça dos EUA, Robert Kennedy.

Bob, como era conhecido, fora enviado ao Brasil em caráter sigiloso pelo irmão, o então presidente John Kennedy. Tinha uma missão específica: encostar o presidente brasileiro, João Goulart, na parede, exigindo dele uma definição ideológica, e atraí-lo politicamente em troca de empréstimos.

Bob dormiu num quarto improvisado na antiga sede da Embaixada dos EUA, em Brasília. Na manhã seguinte, dirigiu-se ao Palácio da Alvorada e conversou com Jango por três horas e quinze minutos, das 11h15 às 14h30. Almoçou no palácio e voltou para os EUA horas depois.

Não há, nos arquivos do governo brasileiro, nenhum registro do encontro ou do conteúdo da conversa. Nos EUA, no entanto, um documento oficial relata com franqueza incomum detalhes da reunião e antecipa, já em 1962, os mesmos temas e dilemas, econômicos e políticos, que precipitariam o golpe de 1964.

A conversa ocorreu num momento conveniente não só pela polarização da Guerra Fria. Algumas semanas depois, em janeiro de 1963, o Brasil iria às urnas, em plebiscito, para escolher o regime de governo no país. O resultado, confirmado depois, já parecia óbvio naqueles dias de dezembro de 1962. O presidencialismo seria restaurado e Jango, herdeiro político do presidente Getúlio Vargas, ficaria livre das amarras impostas pelo Congresso dois anos antes, em 1961, logo depois da renúncia de Jânio Quadros.

Na visão dos EUA, uma vez livre do gesso parlamentarista, Jango poderia aproximar o Brasil do bloco soviético ou simplesmente instituir o regime comunista no país, criando uma grande Cuba.

Bob Kennedy estava acompanhado do tradutor oficial da Embaixada dos EUA, José de Seabra, e do então embaixador americano no Brasil, Lincoln Gordon. Jango os recebeu sozinho.

A conversa foi cordial. Embora desconfiado, Bob Kennedy se mostrou disposto a financiar a economia brasileira em troca de um alinhamento. Jango garantiu que seu governo não era antiamericano e que sua aliança com setores de esquerda era emergencial: "[Goulart disse que" os ataques contra o governo, e contra o próprio presidente Goulart, o tinham obrigado a organizar as forças populares a seu favor e a fazer concessões a elas com o propósito de ficar no poder. Se ele não tivesse conseguido esse tipo de apoio, especialmente dos sindicatos, os grupos conservadores o teriam derrubado", relata o documento.

Durante a conversa, houve alguns momentos de irritação mútua, provocados por pressões de Bob para que Jango demitisse comunistas no governo.

"O secretário da Justiça disse ao presidente que há vários sinais de infiltração de nacionalistas da extrema esquerda em posições do governo..., que não temos problema com a independência política brasileira, mas nos opomos a que essa independência se torne sistematicamente antiamericana", relata o documento.

"O presidente Goulart reagiu incisivamente, dizendo que deveríamos discutir objetivamente quem são os elementos dentro da estrutura do governo sistematicamente hostis aos EUA. Ele [Goulart" nunca permitiu, conscientemente, que nenhuma autoridade federal atacasse o presidente Kennedy e achava que a opinião do secretário da Justiça sobre o assunto era exagerada. O secretário respondeu dizendo que não queria entrar num debate sobre nomes, mas pediu que o embaixador Gordon comentasse. O embaixador Gordon disse que também não estava disposto a discutir nomes, mas sugeriu algumas agências onde esse era um problema sério, entre elas a Petrobras, o Ministério de Minas e Energia, a Sudene e o BNDES."

Num outro momento, Bob Kennedy se incomoda com uma longa exposição de Jango sobre a situação política brasileira, redigindo um recado e o entregando ao embaixador Gordon enquanto o presidente brasileiro falava. "Parece que não estamos chegando a lugar algum", escreveu.

Leonel Brizola, cunhado de Jango, foi tema recorrente da conversa. Goulart tentou convencer Bob de que a crise causada pela expropriação de uma subsidiária da ITT (International Telephone and Telegraph Company) no Rio Grande do Sul, Estado governado por Brizola, resultava da intransigência da companhia durante negociações para indenizá-la, e não do radicalismo do governador.

Jango fez questão de distanciar-se politicamente de Brizola, reconhecendo que seu cunhado tentava intrigá-lo com os EUA e chamando-o de "pedra no sapato" das relações bilaterais.

"O embaixador Roberto Campos, por exemplo, culpa os termos de comércio por grande parte dos problemas do balanço de pagamentos. Se ele critica os EUA, o que poderíamos esperar de elementos de esquerda como o grupo de Brizola, definitivamente ávido por criar atritos entre nós?"

Explicação:

desculpa pelo tamanho do texto , mas boa Sorte !

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