I. Mas que é na realidade o negro escravo feiticeiro? Em que consiste a sua faculdade de fazer mal impunemente? Qual é a fonte de sua força, da sua influência ativa e funesta? [...] [...] O feiticeiro não é mais nem menos do que um propinador de venenos vegetais. [...] [...] Herbolários tremendos, os escravos feiticeiros têm escondidos no bosque, e sempre à mão, e sempre certos de serem achados, os punhais invisíveis, os tiros sem estrépito, os venenos ignorados, com que estragam a saúde, ou apagam a vida daqueles de quem se querem vingar, ou a quem se resolvem a matar. MACEDO, Joaquim Manuel de. As vítimas algozes: quadros da escravidão. 4. ed. São Paulo: Zouk, 2005. p. 62. II. A escrava já tinha feito da menina inocente, donzela maliciosa e sabida de mais do que para sua glória podia ignorar ainda por alguns anos. Da donzela maliciosa fizera depois moça hipócrita e falaz. Da moça hipócrita acabara por fazer indômita namoradeira. Matara-lhe a inocência, destruíra-lhe a virgindade do sentimento, viciara-lhe o coração, sensualizara-lhe os sentidos, desvirtuara-lhe a educação, e já lhe atirava o nome e o crédito aos insultos das murmurações e da maledicência. A influência da mucama escrava produzia seus naturais resultados. A árvore da escravidão envenenava com seus frutos a filha dos senhores. A vítima era por sua vez algoz. . . p. 151. III. [...] Aqui, destaca-se a atuação socializadora da mulher negra servindo de “mãe-preta” no seio da família colonial e o tráfico de influências exercido pelo escravo ladino (aquele que logo aprendia a falar português) sobre um número maior de ouvintes. Subjacente a esse processo, o desempenho sócio-religioso de uma geração de sacerdotisas negras que sobreviveu a toda a sorte de perseguições e preconceitos. [...] Na inevitabilidade desse processo de influências culturais recíprocas e em resistência a ele, o negro terminou impondo, de forma mais ou menos subliminar, alguns dos mais significativos valores do seu patrimônio cultural na construção da sociedade nacional emergente no Brasil. [...] É evidente o impacto da herança africana nas mais conhecidas manifestações culturais que foram legitimadas como autenticamente brasileiras e são utilizadas para projetar a imagem do Brasil no exterior, seja no samba, na capoeira, no traje da baiana, na cozinha à base de dendê, no Candomblé com suas danças e seus ritos. Além disso, a herança africana no Brasil tem sido fonte valiosa de criação artística e literária na promoção internacional de escritores, compositores, artistas plásticos, bailarinos, cineastas, fotógrafos, não só de nacionalidade brasileira. CASTRO, Yeda Passos de. Dimensão dos aportes africanos no Brasil. In: BACELAR, Jeferson; PEREIRA, Cláudio. (Org.). Vivaldo da Costa Lima: intérprete do Afro-Brasil. Salvador: EDUFBA: CEAO, 2007. p. 126-127. Os fragmentos apresentados avaliam a influência africana na formação da sociedade brasileira. Tomando-os como ponto de referência, é correto afirmar: (01) O ponto de vista do enunciador a propósito do Pai-Raiol, no fragmento I, tem alcance restrito à personagem referida no texto. (02) O fragmento II põe em relevo a figura da mulher negra, considerada a partir de um ponto de vista antagônico ao sustentado por Yeda Castro, no fragmento III. (04) Os fragmentos I e II, quando discutem a condição dos negros na sociedade colonial brasileira, identificam-se ao destacarem os efeitos da escravidão. (08) O perfil do escravo construído no fragmento I adequa-se àquele mostrado no fragmento III. (16) O fragmento III, ao discutir a contribuição africana para a formação da sociedade brasileira, dá validade aos pontos de vista enunciados nos fragmentos I e II. (32) A religião, nos três fragmentos, é valorizada pelos benefícios espirituais que produz.
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Vamos analisar as afirmativas e somar os pontos das verdadeiras:
(01) Falsa. O enunciador refere-se a todo tipo de negro escravo feiticeiro.
(02) Verdadeira. Os fragmentos II e III apresentam visões antagônicas da mulher escrava.
(04) Verdadeira. Os fragmentos I e II abordam, ambos, os efeitos da escravidão.
(08) Falsa. O fragmento I aborda uma questão mística e religiosa, enquanto o fragmento III aborda aspectos culturais variados.
(16) Falsa. O fragmento III adota uma posição oposta a dos fragmentos I e II.
(32) Falsa. Apenas no fragmento III a religião é abordada de maneira positiva.
Logo, a resposta correta é 02 + 04 = 06.
Vamos analisar as afirmativas e somar os pontos das verdadeiras:
(01) Falsa. O enunciador refere-se a todo tipo de negro escravo feiticeiro.
(02) Verdadeira. Os fragmentos II e III apresentam visões antagônicas da mulher escrava.
(04) Verdadeira. Os fragmentos I e II abordam, ambos, os efeitos da escravidão.
(08) Falsa. O fragmento I aborda uma questão mística e religiosa, enquanto o fragmento III aborda aspectos culturais variados.
(16) Falsa. O fragmento III adota uma posição oposta a dos fragmentos I e II.
(32) Falsa. Apenas no fragmento III a religião é abordada de maneira positiva.
Logo, a resposta correta é 02 + 04 = 06.
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