Gnerre (texto I) mostra a relevância do contexto linguístico e extralinguístico em que o ato verbal é produzido.
Castro (texto II) concebe a produção do ato verbal de modo.
Leia:
Texto I
A linguagem não é usada somente para veicular informações, isto é, a função referencial denotativa da linguagem não é senão uma entre outras; entre estas ocupa uma posição central a função de comunicar ao ouvinte a posição que o falante ocupa de fato ou acha que ocupa na sociedade em que vive. As pessoas falam para serem "ouvidas", às vezes para serem respeitadas e também para exercer uma influência no ambiente em que realizam os atos linguísticos. O poder da palavra é o poder de mobilizar a autoridade acumulada pelo falante e concentrá-la num ato linguístico (Bourdieu, 1977). Os casos mais evidentes em relação a tal afirmação são também os mais extremos: discurso político, sermão na igreja, aula, etc. As produções linguísticas deste tipo, e também de outros tipos, adquirem valor se realizadas no contexto social e cultural apropriado. As regras que governam a produção apropriada dos atos de linguagem levam em conta as relações sociais entre o falante e o ouvinte. Todo ser humano tem que agir verbalmente de acordo com tais regras, isto é, tem que "saber": a) quando pode falar e quando não pode, b) que tipo de conteúdos referenciais lhe são consentidos, c) que tipo de variedade linguística é oportuno que seja usada. ( ...) nem todos os integrantes de uma sociedade têm acesso a todas as variedades e muito menos a todos os conteúdos referenciais. Somente uma parte dos integrantes das sociedades complexas, por exemplo, tem acesso a uma variedade "culta" ou "padrão", considerada geralmente "a língua", e associada tipicamente a conteúdos de prestígio. (GNERRE, Maurizzio. Linguagem, escrita e poder. São Paulo: Martins Fontes, 1985)
Texto II
Pense-se em algumas formas de tratamento. "Tio" é empregado pelo menino que limpa o pára-brisa e pede um trocado ao dono do carro, que vira "Doutor" se quem lhe oferece o mesmo serviço é outro adulto. Já há algum tempo professores e professoras tornaram-se "tios" e "tias" nas salas de aula. Não há jogador de futebol que em público não se refira ao técnico de seu time como "professor". E o que dizem exatamente "meu irmão", "amizade", "ô meu", "cara" nas situações de uso? Valeria a pena indagar sobre os complexos sentimentos e valores implicados nessas utilizações – provavelmente mais reveladoras do nosso sistema de relações sociais do que pode avaliar aquele estudioso da linguagem que só as considera no âmbito dos "fenômenos", no plano mecânico das "variantes" justapostas. (CASTRO, Alencar de. Inédito)
Escolha uma:
a. análogo, considerando indissociáveis as formas de tratamento das situações em que se produzem.
b. diverso, considerando pouco relevante a forma linguística utilizada.
c. diverso, minimizando a importância da situação na qual um discurso é produzido
d. análogo, reconhecendo que as diversas formas de tratamento remetem a um mesmo contexto extralinguístico
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Respondido por
3
letra D. análogo.....
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