Português, perguntado por emillyjhoani88, 11 meses atrás

faça uma crônica sobre a copa do mundo feminino de futebol ​

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Respondido por iulyzinhalove17
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Resposta:

Agora vamos à Copa Feminina que já começou estraçalhando minha garganta e minhas unhas. Pela primeira vez, sendo esta a oitava edição do campeonato, que teve início no ano de 1991, na China, é que estão sendo transmitidas as partidas no Brasil via rede Globo de televisão, privilégio esse que só o torneio masculino gozava até agora. Não ocorreu até o momento, que já disputamos duas partidas do torneio, a mesma comoção ou parada na vida social que se dá, quando da Copa masculina, mas ouso dizer é muito mais bonito e humanizado ver esses jogos com a mulherada em campo. E isso não só pelas gingadas de bola que ainda focam nos dribles e toques, coisa que faz algum tempo o hegemônico futebol masculino vem perdendo, é pela torcida também.

Ver o jogo das meninas é estar em um ambiente em que os marginalizados por essa sociedade escrota tem voz, gritam, emocionam, chamam palavrão, mas focam nos erros de passes das jogadoras e não na mãe da juíza, que, diga-se de passagem, na última partida entre Brasil e Austrália, tinha lado bem definido e não era o nosso. É partilhar alegria de um passe de bola bonito, sem ter de ouvir a explicação técnica como se só especialistas pudessem ver beleza numa roubada de bola que passa por debaixo da perna da adversária (muito obrigada por aquela jogada Debinha!) e finaliza num belo gol. Qualquer pessoa é capaz de se emocionar com beleza, não precisa necessariamente saber a técnica que foi capaz de criá-la, se ela não conseguir se fazer entender pelo conteúdo que quer transmitir ela é vazia. Ou dito de outra forma, qualquer pessoa é capaz de se emocionar com um belo gol, sem ter de entender se foi o atacante ou o lateral esquerdo quem o fez.

Assistir às partidas do mundial de futebol feminino é ter ao lado gay, lésbica, mulher cis, trans, criança, cachorro e gato, e todo mundo gritar junto e xingar o passe ruim, mas ouvir lá do fundo: “ei, reprodução machista hein”, quando por deslize e força da repetição alguém faz um comentário escroto, é também se desculpar, e agradecer por ter sido corrigida. Ver as partidas das brasileiras além de divertimento e catarse possibilita se acrescentar enquanto gente. E não estou romantizando nada aqui, acredite. É só que os grupos aos quais tenho me juntado para ver os jogos me ajudam exatamente nisso, me enxergar melhor dentro do todo social excludente e reparar melhor na outra mulher do lado que grita gol comigo.

Longe de acreditar que tais partidas irão mudar a forma do mundo enxergar nossa condição feminina de estar nesse mundo patriarcal, excludente e machista, visto que isso só terá possibilidades de se efetivar quando este sistema ruir, ver esses jogos é possibilidade material concreta de fazer pensar sobre a estrutura que nos limita, diminui e desrespeita, como por exemplo, fez Marta na nossa última partida, mostrando o símbolo de igualdade de gênero na sua chuteira, dando visibilidade a desigualdade de tratamento dos patrocinadores destinado a jogadoras femininas e jogadores masculinos. É ainda, a concreção da partilha da alegria, um hiato cotidiano nesse mundo desumano, um estilhaço de leveza.

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