explique o conceito de antropologia cultural e sua relaçao com o ser humano
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Nosso primeiro passo rumo ao triplo enfoque citado é conceituarmos, mesmo que de forma breve, a antropologia. Esta ciência foi formada a partir de diversas origens, estudos e fundamentos, documentados numa história de evoluções de idéias que levaram aos aspectos conclusivos de hoje. Laraia nos fala sobre a diversidade de pensadores que proveram os elementos necessários à ciência antropológica como Confúcio ao afirmar que “a natureza dos homens é a mesma, são seus hábitos que os mantém separados”4 . A partir desta idéia fundamental da antropologia muitos levantaram uma pergunta iniciadora no assunto: porque homens semelhantes em contextos semelhantes geram culturas tão distintas?
Franz Boas descreve as narrativas de Heródoto (484-424 a.C) aos gregos, a respeito do que havia visto em diferentes terras citando, em uma de suas observações, que os Lícios possuíam “um costume único pelo qual diferem de todas as outras nações. Tomam o nome da mãe e não do pai.”5 Este tipo de constatação veio a formar a categoria hoje conhecida como estrutura de parentesco matrilinear.
José de Anchieta (1534-1597) observou a estrutura de parentesco patrilinear entre os Tupinambás escrevendo que “porque têm para si que o parentesco verdadeiro vem pela parte dos pais, que são agentes; e que as mães não são mais que uns sacos, em respeito aos dos pais, em que se criam as crianças, e por esta causa os filhos dos pais, posto que sejam havidos de escravas e contrárias cativas, são sempre livres e tão estimados como os outros”.6
Geertz discorre sobre diversos outros pesquisadores que contribuíram com esboços daquilo que formaria o atual pensamento antropológico como Khaldun, no século XIV, que elaborou a tese de que os habitantes de terras quentes são mais passionais que os de climas frios7 . Ou ainda Locke que pesquisou o conceito das idéias a partir das distinções geográficas8 . No século XVIII Rousseau, Schiller e Herder tentaram construir um esboço da história da humanidade a partir dos relatos de diversas viagens, de Marco Polo a Cook.
Todos estes exemplos demonstram métodos antropológicos de observação e interpretação das raízes e valores culturais em diferentes contextos humanos.
Portanto, Antropologia poderia ser introdutoriamente conceituada como “o resultado da aglutinação histórica de impressões, fatos e idéias sobre a identidade do homem disperso em seus diferentes ajuntamentos sociais”9.
A ideologia antropológica, entretanto, sofreria forte impacto acadêmico do evolucionismo de Darwin (denominado na época de método comparativo), representado principalmente por Tylor. A principal oposição é encontrada exatamente nas claras idéias de Franz Boas (1858-1949)10. Este método comparativo defendia que o homem é o resultado do seu ambiente. Para melhor entendermos tomemos como exemplo o povo Ewe no centro de Gana, África ocidental. Sua língua utilizou quatro vocábulos diferentes para designar o conceito de rio, porque habitam numa área fluvial que depende de uma compreensão melhor da evolução desta idéia, enquanto os Konkombas, que não transitam nos rios mas partilham o mesmo território, utilizam apenas um vocábulo para conceituar rio. Assim, segundo esta teoria, o ambiente define a cultura e define o homem levando-o a desenvolver língua, hábitos e formas de agrupamento a partir do contexto.
Boas interfere e nos propõe que a cultura humana não é apenas o resultado do ambiente mas sim o resultado das idéias. Revolucionando a Antropologia da época, Boas fez escola ao mesmo tempo em que chamou a atenção para uma dualidade que tem como primeiro elemento o reconhecimento do que o ambiente pode produzir no indivíduo. Desta forma o ambiente seria de fato determinante em alguns aspectos da formação cultural do indivíduo. Tomemos, como exemplo, um bebê recém nascido, com três meses de idade, tendo nascido em uma família Tukano do Alto Rio Negro. Por algum motivo esta criança é levada para ser criada por uma família Italiana de Milão. Aos 15 anos de idade este adolescente, senão pelo aspecto físico, será um puro Italiano lingüística e culturalmente. Enfrentaria todas as limitações como qualquer Italiano se necessário fosse se aculturar no universo Tukano, aprender sua língua, entender sua cosmovisão, adaptar-se ao clima, organização social e tudo o mais. A determinação do ambiente de fato é relevante e prioritária na formação direta do indivíduo em termos de identidade étnica e cultural.
Franz Boas descreve as narrativas de Heródoto (484-424 a.C) aos gregos, a respeito do que havia visto em diferentes terras citando, em uma de suas observações, que os Lícios possuíam “um costume único pelo qual diferem de todas as outras nações. Tomam o nome da mãe e não do pai.”5 Este tipo de constatação veio a formar a categoria hoje conhecida como estrutura de parentesco matrilinear.
José de Anchieta (1534-1597) observou a estrutura de parentesco patrilinear entre os Tupinambás escrevendo que “porque têm para si que o parentesco verdadeiro vem pela parte dos pais, que são agentes; e que as mães não são mais que uns sacos, em respeito aos dos pais, em que se criam as crianças, e por esta causa os filhos dos pais, posto que sejam havidos de escravas e contrárias cativas, são sempre livres e tão estimados como os outros”.6
Geertz discorre sobre diversos outros pesquisadores que contribuíram com esboços daquilo que formaria o atual pensamento antropológico como Khaldun, no século XIV, que elaborou a tese de que os habitantes de terras quentes são mais passionais que os de climas frios7 . Ou ainda Locke que pesquisou o conceito das idéias a partir das distinções geográficas8 . No século XVIII Rousseau, Schiller e Herder tentaram construir um esboço da história da humanidade a partir dos relatos de diversas viagens, de Marco Polo a Cook.
Todos estes exemplos demonstram métodos antropológicos de observação e interpretação das raízes e valores culturais em diferentes contextos humanos.
Portanto, Antropologia poderia ser introdutoriamente conceituada como “o resultado da aglutinação histórica de impressões, fatos e idéias sobre a identidade do homem disperso em seus diferentes ajuntamentos sociais”9.
A ideologia antropológica, entretanto, sofreria forte impacto acadêmico do evolucionismo de Darwin (denominado na época de método comparativo), representado principalmente por Tylor. A principal oposição é encontrada exatamente nas claras idéias de Franz Boas (1858-1949)10. Este método comparativo defendia que o homem é o resultado do seu ambiente. Para melhor entendermos tomemos como exemplo o povo Ewe no centro de Gana, África ocidental. Sua língua utilizou quatro vocábulos diferentes para designar o conceito de rio, porque habitam numa área fluvial que depende de uma compreensão melhor da evolução desta idéia, enquanto os Konkombas, que não transitam nos rios mas partilham o mesmo território, utilizam apenas um vocábulo para conceituar rio. Assim, segundo esta teoria, o ambiente define a cultura e define o homem levando-o a desenvolver língua, hábitos e formas de agrupamento a partir do contexto.
Boas interfere e nos propõe que a cultura humana não é apenas o resultado do ambiente mas sim o resultado das idéias. Revolucionando a Antropologia da época, Boas fez escola ao mesmo tempo em que chamou a atenção para uma dualidade que tem como primeiro elemento o reconhecimento do que o ambiente pode produzir no indivíduo. Desta forma o ambiente seria de fato determinante em alguns aspectos da formação cultural do indivíduo. Tomemos, como exemplo, um bebê recém nascido, com três meses de idade, tendo nascido em uma família Tukano do Alto Rio Negro. Por algum motivo esta criança é levada para ser criada por uma família Italiana de Milão. Aos 15 anos de idade este adolescente, senão pelo aspecto físico, será um puro Italiano lingüística e culturalmente. Enfrentaria todas as limitações como qualquer Italiano se necessário fosse se aculturar no universo Tukano, aprender sua língua, entender sua cosmovisão, adaptar-se ao clima, organização social e tudo o mais. A determinação do ambiente de fato é relevante e prioritária na formação direta do indivíduo em termos de identidade étnica e cultural.
Usuário anônimo:
muito bom eu queria um resumo com poucas linhas
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