(Enem) —
Certa vez minha mãe surrou-me com uma corda nodosa que me pintou as costas de manchas sangrentas. Moído, virando a cabeça com dificuldade, eu distinguia nas costelas grandes lanhos vermelhos. Deitaram-me, enrolaram-me em panos molhados com água de sal – e houve uma discussão na família. Minha avó, que nos visitava, condenou o procedimento da filha e esta afligiu-se. Irritada, ferira-me à toa, sem querer. Não guardei ódio a minha mãe: o culpado era o nó.
RAMOS, G. Infância.
Rio de Janeiro: Record, 1998.
Num texto narrativo, a sequência dos fatos contribui para a progressão temática. No fragmento, esse processo é indicado pela
A
alternância das pessoas do discurso que determinam o foco narrativo.
B
utilização de formas verbais que marcam tempos narrativos variados.
C
indeterminação dos sujeitos de ações que caracterizam os eventos narrados.
D
justaposição de frases que relacionam semanticamente os acontecimentos narrados.
E
recorrência de expressões adverbiais que organizam temporalmente a narrativa.
Soluções para a tarefa
Respondido por
29
Resposta:
Resposta B
Explicação:
No excerto de Infância, observa-se que o autor executa um processo memorialístico que oscila entre o passado e o presente, num jogo entre um narrador que lembra e analisa o recordado e a personagem-menino que se localiza no enunciado. O relato com termos verbais no pretérito perfeito do indicativo (“surrou-me”, “me pintou”, “Deitaram-me”, “enrolaram-me”) é interrompido por digressões com verbos no gerúndio e pretérito imperfeito do indicativo (“virando”, “distinguia”) que transmitem ideia de continuidade e duração no momento em que estão sendo enunciados.
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