CONTEXTO HISTORICO COM CONCLUSAO DA MUSICA QUE PAIS E ESSE
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Em 1987 foi lançado o álbum “Que país e esse?” da banda Legião Urbana.
A música, com esse mesmo título, sacudiu a juventude de todo o país que protestava a situação vivida pelo povo brasileiro durante a chamada “década perdida” de 1980, dois anos após o enterro oficial da Ditadura Militar.
Em um trecho da canção, a banda ironiza a inserção do Brasil no cenário mundial: “Terceiro Mundo se for; Piada no exterior...”.
De lá pra cá, quase três décadas se passaram e, como fora anunciado na canção, agora não mais como ironia, “o Brasil vai ficar rico”.
Embora nosso país tenha passado por outra “década perdida” nos anos neoliberais de Collor e Fernando Henrique - quando foi promovida uma abertura econômica inconsequente que expôs a indústria nacional e dilapidou setores estratégicos de nossa economia -,
a partir de 2003 estamos vivenciando uma acentuada guinada nas áreas social, econômica e política, o que nos permite ter uma nova mirada sobre nosso país que passou a ser mais respeitado e admirado, interna e externamente.
Maria Inês Nassif, na introdução do livro “10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil:
Lula e Dilma”, destaca bem que “na última década, o Brasil percorreu tão rapidamente caminhos desconhecidos em sua história que ainda não se deu conta de que uma nova geração já perdeu a referência do passado. Antes, a realidade desse país deprimido por um histórico complexo de vira-latas era caracterizada por desigualdade social crônica, inserção na política internacional nula e, sobretudo, desambição e um ceticismo em relação ao futuro”.
E prossegue, com muito acerto: “O brasileiro jovem já incorporou à sua vida a educação superior, o direito ao emprego formal, a possibilidade de ascensão social e, sobretudo, uma vida sem fome.
A maioria das crianças cujas famílias ascenderam das classes mais miseráveis nesses dez anos nunca passou por uma realidade de fome como a vivida por seus pais. E a maioria dos jovens que hoje ocupa os bancos das universidades superou uma situação de miséria na tenra infância e terá a oportunidade de dar aos seus filhos uma infância muito melhor que a que teve”.
A letra de “Que país é esse?”, em seu contexto histórico de meados da década de 1980, retratava a inquietação daqueles jovens, que a própria banda chamava de “Geração Coca-Cola”.
A baixa estima, o complexo de vira-latas e o sentimento de inferioridade que marcou aquele período não mais encontram respaldo na atualidade e devem, portanto, serem superados. Somos uma jovem nação que ousou retirar mais de trinta milhões de brasileiros da faixa da pobreza em apenas uma década. Somos a sexta economia do planeta e promovemos uma inclusão ao mercado de consumo de outros tantos milhões que passaram a ter acesso a bens e serviços inimagináveis até pouco tempo atrás. Há anos vivemos uma situação de pleno emprego (4,8% em janeiro, segundo o IBGE).
Multiplicamos as vagas em nossas universidades que também se expandiram. Mulheres, negros e indígenas têm mais espaço nas políticas públicas dos governos.
Claro que uma transformação de fundo levará mais tempo. Será obra de várias gerações.
Entretanto, já podemos olhar para o futuro em uma perspectiva mais otimista. Nosso país vai ficar rico (no sentido pleno) se a juventude canalizar toda sua rebeldia contra os que hoje defendem o retrocesso a um faroeste caboclo e a volta a um passado que, não muito distante, fazia-nos envergonhar dos rumos seguidos pelo nosso país.
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