como vivem/convivem os habitantes da fronteira entre brasil e uruguai? preciso urgente
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A população uruguaia, de cerca de 3,5 milhões de habitantes, é praticamente a mesma há 30 anos e equivale quase à metade do número de habitantes da cidade do Rio de Janeiro.
Um dos primeiros planos anunciados pelo presidente eleito, Luis Lacalle Pou, que toma posse em 1º de Março, é o de tentar elevar o tamanho da população, facilitando a entrada de residentes estrangeiros.
Na semana passada, Lacalle Pou (centro-direita) afirmou que lançará um pacote de medidas para "flexibilizar" as regras atuais de residência, tanto burocráticas como fiscais, de forma a atrair moradores do exterior para o país, que é vizinho do Brasil e tem uma das menores populações da América do Sul.
Resposta:
Quando se coloca o pé na calçada, perambulando pelas ruas limítrofes de uma fronteira como a de Santana do Livramento com Rivera, é difícil saber onde termina o Brasil e onde começa o Uruguai. Entre as linhas irregulares desenhadas no mapa, há comércio ambulante, free shops e muita gente intercambiando pesos, reais e dólares. O mesmo ocorre ao se acompanhar a fala dos habitantes locais. Ora acionam o português, ora o espanhol, e acabam se comunicando por meio de uma mistura de ambos, que se convencionou chamar de portunhol.
A origem dessa forma de falar remonta ao período colonial, quando portugueses e espanhóis disputavam domínios na Região das Missões e do Rio da Prata. Após amplo predomínio do guarani, o portunhol pode ter sido língua franca até o século XIX, conforme apontam alguns historiadores. No século seguinte, com a ascensão dos nacionalismos, a fala mesclada ganhou um sentido pejorativo e foi desestimulada nas escolas e nos âmbitos governamentais. Mesmo assim, no dia a dia e no campo artístico, o portunhol permaneceu como via comunicativa afetiva e em constante transformação. Hoje, essa forma cultural de se expressar vem sendo reconhecida como patrimônio da fronteira, mesmo que haja controvérsias em torno dela.
A experiência pessoal do poeta, tradutor e dramaturgo Michel Croz ajuda-nos a adentrar o universo fronteiriço. Nascido em Rivera, já viveu em Montevidéu e Porto Alegre. De volta à terra natal, relata lembranças da convivência com sua avó na cozinha de casa. "As nossas avós são as depositárias do que tem de mais sagrado da língua e de todo o conhecimento", afirma. Divertindo-se, Croz conta que sua avó sempre recomendava aos netos que não falassem portunhol e aprendessem o espanhol e o português "direitinho". Para ela, o dialeto era "coisa de gente desocupada", "coisa de bagaceira". No entanto, só se expressava em portunhol.
Michel Croz observa que existem muitos portunhóis. O falado em um bairro não é o mesmo de outro. O portunhol de Artigas difere do encontrado em Bagé ou em Jaguarão. "A sua beleza intocada se dá pelo fato de que ainda não pode ser direcionado - as palavras não têm dicionário, ou uma gramática. Ainda bem!", comemora Croz. Para ele, o portunhol é uma língua dos afetos, que se fala para comunicar no presente, resgatando o passado. "Há uma tradição forte, mas que se impulsa para o futuro", conclui.
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