como eram os rituais antropofágicos praticados pelos índios?
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Carne humana era bem mais que um petisco para os antropófagos . O canibalismo, na cultura desses povos, envolvia cerimônias que evocavam o sobrenatural. “Eles acreditavam que o indivíduo ganha força pela assimilação de outros, poderosos e perigosos, sejam guerreiros inimigos, sejam parentes mortos”, afirma o historiador John Monteiro, da Unicamp.
Os inimigos mais poderosos que essas populações tinham eram os portugueses. Os lusos se tornaram o prato favorito da taba, o que salvou o aventureiro Hans Staden de arder no moquém. Por ser alemão, Staden foi poupado pelos tupinambás que o capturaram em Ubatuba , em 1549. Prisioneiro dos índios, ele presenciou rituais antropofágicos. Seu relato – ilustrado pelo contemporâneo belga Théodore de Bry – é o mais detalhado já feito sobre os canibais brasileiros.
Não se sabe exatamente quantos grupos indígenas praticavam a antropofagia. O hábito durou até o século 17, quando a catequização acabou com ele nos territórios controlados pelos colonizadores. “Mas a lógica antropofágica permaneceu forte, inclusive na forma pela qual os índios assimilaram os rituais católicos, que incluem a ingestão do ‘sangue’ e do ‘corpo’ de Cristo”, diz John. Hoje, só os ianomâmis conservam o hábito de comer cinzas de cadáver, como forma de homenagear um amigo morto.