como a saúde, educação e segurança podem estabilizar a economia de um país?
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Resposta:
* Da oitava edição do boletim informativo do Observatório de Análise Política em Saúde (OAPS) e do Centro de Documentação Virtual (CDV)
Crise. Ajuste. Austeridade. Teto de gastos. Novo Regime Fiscal. A crise político-econômica que o Brasil atravessa e as medidas propostas sob o argumento de alcance do equilíbrio fiscal são fatos bastante divulgados nos últimos dois anos. Mas qual o impacto da crise na saúde da população brasileira? Com a continuidade e possível agravamento da crise, o que os/as brasileiros/as devem esperar? Como abrandar seus efeitos sobre a situação de saúde e o sistema de saúde? O que os exemplos de outros países têm a nos dizer? As respostas apontam para efeitos como aumento do desemprego, intensificação das desigualdades em saúde, crescimento da incidência de doenças crônicas, dificuldades de acesso a serviços de saúde, comprometimento da saúde mental, aumento do estresse e abuso de álcool e outras drogas.
Na tentativa de compreender estes possíveis impactos no contexto brasileiro, o Observatório de Análise Política em Saúde (OAPS) conversou com o epidemiologista e professor emérito da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), Cesar Victora; o professor titular aposentado do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA) e pesquisador sênior do Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz (CPqGM/ Fiocruz/BA), Maurício Barreto; e a especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental do Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Fabiola Sulpino Vieira, autora de uma revisão de estudos sobre o impacto das crises econômicas e das medidas de austeridade fiscal sobre a situação de saúde das populações atingidas.
O epidemiologista Maurício Barreto explica que, como não há evidências empíricas, para compreender os impactos da crise na população brasileira é preciso pensar em “conjecturas e extrapolações de situações”, baseadas no conhecimento existente a partir de experiências de países europeus e da antiga União Soviética, que vivenciaram a crise há alguns anos, e do próprio Brasil, em décadas anteriores. Para o pesquisador, os impactos da crise “são preocupações que temos que ter, caso as políticas de austeridade levem a ter efeitos danosos na economia – o que já está havendo, já estamos vendo a tendência de aumento de desemprego, a falta de investimentos urbanos, falta de investimentos em sistemas de saúde, principalmente alguns componentes como atenção primária, que tem um efeito realmente importante sobre as condições de vida de parte da população”. E defende: “O Brasil precisa começar a estudar esse momento para daqui a algum tempo a gente ter mais evidências empíricas de como esta situação pode ter afetado as condições de saúde da população”.