Português, perguntado por felipecccccc, 9 meses atrás

Assinale a alternativa em que há um argumento que não reforça a ideia principal defendida por Ferreira Gullar: a. Os best-sellers têm número de páginas cada vez maior. b. Alguns best-sellers, a exemplo de "Harry Potter", são muito vendidos. c. Apollinaire dizia que o livro deixaria de ser veículo de literatura. d. Os best-sellers são vendidos para muitos países. e. Há livros vendidos que chegam a ter mais de 800 páginas.

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Respondido por thaissacordeiro
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A alternativa que não reforça a ideia de Ferreira Gullar é a letra D: Os best-sellers são vendidos para muitos países.

No texto de Ferreira Gullar ele fala sobre a morte do livro, traz uma reflexão sobre como os consumidores de livros.

A partir disso, apresenta que a Guillaume Apollinaire foj um dos primeiros a fazer a profecia de que o livro morreria. Porém Gullar apresenta dados relevantes.

O autor diz que os best-sellers têm crescido cada vez mais, principalmente no número de páginas, que chegam até a ter mais de 800.

O autor não cita que esses livros são vendidos em diferentes países, apenas traz dados sobre as páginas.

Segue o texto completo:

A MORTE DO LIVRO

Ferreira Gullar

A morte do livro como veículo da literatura já foi profetizada várias vezes na chamada época moderna. E não  por inimigos da literatura, mas pelos escritores mesmos. Até onde me lembro, o primeiro a fazer essa profecia  foi nada menos que o poeta Guillaume Apollinaire, no começo do século 20.

Entusiasmado com a invenção do gramofone (ou vitrola), acreditou que os poetas em breve deixariam de  imprimir seus poemas em livros para gravá-los em discos, com a vantagem - segundo ele, indiscutível - de o  antigo leitor, tornado ouvinte, ouvi-los na voz do próprio poeta. [...]

De qualquer modo, Apollinaire, que foi um bom poeta, revelara-se um mau profeta, já que os poetas continuaram a se valer do livro para difundir seus poemas enquanto o disco veio servir mesmo foi aos cantores e  compositores de canções populares, [...].

O mais recente profeta do fim do livro é o romancista norte-americano Philip Roth, que, numa entrevista,  fez o prenúncio. Na verdade, ele anunciou o fim da própria literatura e não por falta de escritores, mas de leitores. Certamente, referia-se a certo tipo de literatura, pois obras de ficção como "O Código Da Vinci" e "Harry  Potter" alcançam tiragens de milhões de exemplares em todos os idiomas.

Outro fenômeno que contradiz a tese de que as pessoas leem cada vez menos é o crescente tamanho dos  "best-sellers": ultimamente, os volumes ultrapassam as 400 ou 500 páginas, havendo os que atingem mais de

800. Tais dados põem em dúvida, mais uma vez, as previsões da morte do livro e da literatura. [...]

A visão simplificadora consiste em não levar em conta alguns fatores que estão ocultos, mas atuantes  na sociedade de massa: fatores qualitativos que a avaliação meramente quantitativa ignora. Começa pelo  fato de que são as obras literárias de qualidade, e não as que constituem mero passatempo, que influem na  construção do universo imaginário da época.

É indiscutível que tais obras atingem, inicialmente, um número  reduzido de leitores, mas é verdade também que, através deles, com o passar do tempo, influem sobre um  número cada vez maior de indivíduos - e especialmente sobre aqueles que constituem o núcleo social irradiador das ideias.

Costumo, a propósito desta discussão, citar o exemplo de um livro de poemas que nasceu maldito: "As  Flores do Mal", de Charles Baudelaire, cuja primeira edição, em reduzida tiragem, data de 1857. Naquela  mesma época havia autores cujos livros alcançavam tiragens consideráveis, que às vezes chegavam a mais  de 30 mil exemplares. Esses livros cumpriram sua missão, divertiram os leitores e depois foram esquecidos,  como muitos "best-sellers" de nossa época. Enquanto isso, o livro de poemas de Baudelaire - cuja venda quase foi proibida pela Justiça -, que vem sendo reeditado e traduzido em todas as línguas, já deve ter atingido,  no total das tiragens, muitos milhões de exemplares. O verdadeiro "best-seller" é ele ou não é? [...]

(Folha de São Paulo, 19/03/2006. Extraído de Vestibular ESMP 2016)

Abraços!

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