Às duas fases de Ludwig Wittgenstein são contrapostas?
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Resposta:
O segundo Wittgenstein abandona estes pressupostos da filosofia tradicional e faz uma filosofia que lembra, em alguns aspectos, o pensamento sofístico. ... Sua crítica é à filosofia tradicional, criadora de sistemas teóricos que almejam a verdade, e por isso sua filosofia se faz de forma assistemática.
Consoante a essas considerações wittgenstenianas, compete-nos delimitar qual a natureza dessa crítica do segundo Wittgenstein ao primeiro e à tradição filosófica,crítica essa que culmina numa filosofia assistemática; e avaliar como, inversamente, na assistematicidade das reflexões, uma crítica coerente vai sendo tecida ao longo das Investigações.
Explicação:
Wittgenstein abre as Investigações com a crítica à teoria referencial do
significado, citando uma passagem das Confissões de Santo Agostinho, na qual tal teoria aparece de forma bastante simples. Primeiramente, observa Wittgenstein,Agostinho não fala de uma diferença entre espécies de palavras, e pensa apenas em nomes de coisas e de pessoas, e nos outros tipos de palavras como algo que se terminarápor encontrar. A essa observação, Wittgenstein segue um exemplo, o da frase “cinco maçãs vermelhas”, e assim demonstra que nem todas as palavras possuem a mesma função – a saber, a de designar objetos – pois, embora faça sentido perguntar a que objeto se refere a palavra “maçã” e, em certo sentido, a que objeto se refere a palavra.
Sua crítica é à filosofia tradicional, criadora de sistemas teóricos que almejam a verdade, e por isso sua filosofia se faz de forma assistemática. Nas Investigações, é por meio da dúvida e da ironia acerca das ideias tradicionais a respeito da linguagem que vemos surgir o pensamento wittgensteiniano, cujo fundamento consiste numa espécie de pragmatismo, o qual recomenda que a nossa “[...] consideração deve ser modificada, mas tendo como centro nossa verdadeira necessidade.” (WITTGENSTEIN 1999, p. 64). Não mais se busca, como no Tractatus, criar uma teoria que fundamente uma linguagem ideal, mas sim descrever a realidade da linguagem – deste modo ela é vista, nas Investigações, como uma ferramenta de interação social, que assume vários modos, chamados de “jogos de linguagem”, de acordo com a função a ser realizada e com a cultura da qual ela emerge.