Antigamente, dizia-se que as pessoas procuravam se completar pelo outro, buscando sua metade no mundo. A equação era: 1/2 + 1/2 = 1. “Para eu ser feliz para sempre na vida, tenho que ser a metade do outro.” Naquela loteria do casamento, tirar a sorte grande era achar a sua cara- -metade.Com o passar do tempo, as pessoas foram desenvolvendo um sentido de individualização maior e a equação mudou. Ficou: 1 + 1 = 1. “Eu tenho que ser eu, uma pessoa inteira, com todas as minhas qualidades, meus defeitos, minhas limitações. Vou formar uma unidade com meu companheiro, que também é um ser inteiro.” Mas depois que esses dois seres inteiros se encontravam, era comum fundirem-se, fcarem grudados num casamento fechado, tradicional. Anulavam-se mutuamente.Com a revolução sexual e os movimentos de libertação feminina, o processo de individuação que vinha acontecendo se radicalizou. E a equação mudou de novo: 1 + 1 = 1 + 1. Era o “cada um na sua”. “Eu tenho que resolver os meus problemas, cuidar da minha própria vida. Você deve fazer o mesmo. Na minha independência total e autossufciência absoluta, caso com você, que também é assim.” Em nome dessa independência, no entanto, faltou sintonia, cumplicidade e compromisso afetivo. É a segunda crise do casamento que acompanhamos nas décadas de 70 e 80. Atualmente, após todas essas experiências, eu sinto as pessoas procurando outro tipo de equação: 1 + 1 = 3. Para a aritmética ela pode não ter lógica, mas faz sentido do ponto de vista emocional e existencial. Existem você, eu e a nossa relação. O vínculo entre nós é algo diferente de uma simples somatória de nós dois. MATARAZZO, Maria Helena. Amar É Preciso. 22. ed. São Paulo: Editora Gente, 1992. p. 19-21A autora se utiliza, em sua crônica, de termos matemáticos como elementos que contribuem para o objetivo de levar os leitores a reconhecer que a aliança que simboliza tradicionalmente o casamento não pode mais ser o símbolo das relações conjugais contemporâneas. a tese da busca da “cara-metade” , ou da “alma gêmea”, continua a ser o móvel capaz de garantir uniões frmes e duradouras. a ideia de “cada um na sua”, com o aprofundamento do individualismo, trouxe consigo uma noção de afetividade mais consistente. é preciso, ainda que se preservem as individualidades que formam o casal, cuidar da relação afetiva. a negação dos anseios individuais com a dedicação integral ao outro é o que garante a fortalecimento dos laços afetivos do casal.
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Olá!
O texto é bastante contundente e bem atual. Diz respeito a antiga mistica social de que nós somos metade de si mesmo e que devemos procurar o outro como forma de completar a outra metade que nos falta.
No entanto tal conceito e bastante capcioso e envolve a ideia de que a não existência do outro irá nos tornar infelizes. Porém tal perspectiva no conceitos e moldes da sociedade atual que temos deve ser combatido, em valorização ao eu individual, como trata a própria autora do texto.
A ideia central do texto é justamente essa, a ideia não de uma metade que se completa mas de inteiros que compartilham.
Espero ter ajudado!
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