Alguém faz uma crônica sobre manguezal e lixo?
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O mangue, considerado um ecossistema costeiro de transição entre os ambientes terrestre e marinho (água doce e salgada) e característico de regiões tropicais e subtropicais, sofre com as fortes pressões das atividades antrópicas. A poluição, a supressão com aterro, a retirada da vegetação pela especulação imobiliária e a instalação de empreendimentos comerciais/industriais/agrícolas como a carcinicultura/piscicultura, no estuário do Rio Paraíba, por exemplo, são alguns dos principais problemas recorrentes na Região Metropolitana de João Pessoa. Pela sua importância da vida marinha, a fauna também está ameaçada.
No Rio Jaguaribe, na parte que passa no bairro dos Ipês, na Capital, os resíduos domésticos, que deveriam ter tido um destino correto, acabaram parando nas margens do manancial. Nesse local é perceptível a presença de colchões, garrafas de plástico e isopor. Falta educação ambiental por parte da população, mas também ações efetivas do poder público. O que se observa é que após a dragagem do rio, o material retirado em vez de ser recolhido, acaba sendo abandonado nas margens, prejudicando o desenvolvimento das matas ciliares que são responsáveis pela proteção dos rios. Quando a chuva aparece, todo o lixo retirado retorna para as águas. “Esse lixo deveria ser colocado para reciclar. A gente aproveita tudo, o plástico e o isopor, por exemplo, podem ser usado no artesanato. Eu como artesão sei como é importante e sem contar que não estaria indo para os nossos rios”, comentou a artesã Lucila Pereira Goes.
No entorno de rios e mangues há inúmeras moradias subnormais, revelando a ocupação sem planejamento da população e ausência de fiscalização por parte do poder público. O mestre em Geografia, especialista em Análise Ambiental e professor do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), Rogério Silva Bezerra, informou que, embora as atividades habitacionais agridam os manguezais com resíduos e outras situações existe algo mais grave. “A maior ameaça é a supressão com aterro e retirada da vegetação pela especulação imobiliária e construção de grandes objetos como fazendas de camarão, armazéns e instalação de grandes empreendimentos industriais/comercial. A recepção de efluente (esgoto) e resíduos também é um grave problema, particularmente para os humanos, por conta da contaminação com metais pesados e patógenos. Mas esses últimos impactos são recuperáveis, já a supressão é bem mais complicada de desfazer”, afirmou.
Nas cidades que compõem a Grande João Pessoa, o mestre em Geografia informou que os manguezais recebem o impacto de parte das atividades realizadas na área litorânea. “Isso muda bastante no tempo e no espaço. Diria que a falta de tratamento do esgoto da Região Metropolitana liberado nos rios locais, a especulação imobiliária e a instalação de empreendimentos comerciais/industriais/agrícolas (carcinicultura/piscicultura) no estuário do Rio Paraíba, são os problemas principais”, frisou. Quanto à qualidade das águas, o especialista destacou outras gravidades: esgoto bruto, em especial das indústrias; depósitos de combustíveis; e resíduos sólidos lançados nos rios que encalham nos manguezais e ilhas.
Para o professor, há inúmeros impactos causados nos manguezais. “Há áreas mais rurais em que as fazendas de camarão/peixe são o maior problema. Estas fazendas estão localizadas em Cabedelo, Santa Rita e Lucena. A supressão do mangue ou seu uso para habitação e empreendimentos econômicos ocorre de Santa Rita a Cabedelo. Em Cabedelo o que tenho visto é um avanço assombroso dos impactos. Muitas atividades econômicas novas surgindo e grande quantidade de esgoto e resíduos que escoam de toda metropolitana e se depositam na desembocadura do Rio Paraíba. O crescimento econômico da Região Metropolitana tem multiplicado os impactos em Cabedelo. Isso está colocando em ameaça o rico patrimônio ambiental do município”, revelou.
De acordo com o mestre em Geografia, a supressão de vegetação e de áreas, com aterramento e/ou construção de grandes empreendimentos são impactos graves nos manguezais. “Essas ações que são mais ‘definitivas’ eliminam toda fauna e flora. Têm um impacto mais profundo, mas a contaminação permanente com patógenos, metais pesados e outros resíduos, podem se tornar um grave problema dependendo do tipo de microrganismo que se espalhar e do nível de acúmulo e do tipo de substância, etc. Não sabemos ainda qual é o nível de saturação de esgoto que o manguezal e todo estuário é capaz de suportar, ou seja, quando de esgoto pode depurar sem se asfixiar o ecossistema”, afirmou, destacando que para os humanos o problema se torna mais grave, pois os ambientes ficam impróprios para as atividades e o contato. As populações ribeirinhas (pescadores, marisqueiras, etc.) sofrem com a contaminação de seus ambientes de trabalho e vida.
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