2. Texto I
Foi por volta de 1870 que os psiquiatras começaram a constituí-la como objeto de análise médica: ponto de partida, certamente, de toda uma série de intervenções e de controles novos. É o início tanto do internamento dos homossexuais nos asilos quanto da determinação de curá-los. Antes eles eram percebidos como libertinos e às vezes como delinquentes (daí as condenações que podiam ser bastante severas – às vezes o fogo, ainda no século XVIII –, mas eram inevitavelmente raras). A partir de então, todos serão percebidos no interior de um parentesco global com os loucos, como doentes do instinto sexual. (Fonte: FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979, p. 233-234)
Texto III
Em 1952, a Associação Americana de Psiquiatria publicou, em seu
primeiro Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtorno Mentais, que a
homossexualidade era uma desordem, o que fez com que a opção sexual
fosse estudada por cientista, que acabaram falhando por diversas vezes
ao tentarem comprovar que a homossexualidade era, cientificamente, um
distúrbio mental. Com a falta desta comprovação, a Associação Americana
de Psiquiatria retirou a opção sexual da lista de transtornos mentais em 1973.
No dia 17 de maio de 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou
a homossexualidade da lista internacional de doenças. Não há muito
tempo o mundo todo, até os países mais liberais, lidava com a questão da
opção sexual como caso de saúde pública.
(Fonte: Homossexualidade não é doença segundo a OMS; entenda.
A partir da leitura dos textos e dos seus conhecimentos acerca da obra de
Michel Foucault, assinale a alternativa correta.
a) O Texto I e o Texto III destacam a homossexualidade como uma doença
passível de tratamento em qualquer contexto sócio-histórico.
b) No Texto III, a homossexualidade, retirada da lista de doenças da OMS, mostra
a força da ciência enquanto geradora de um discurso investido de poder.
c) A sociedade disciplinar adotou, essencialmente, os domínios da arte
enquanto discurso de poder e o Texto II é exemplo disso.
d) A noção de verdade em Foucault está dissociada das práticas de poder
polvilhadas na teia social, como revela o Texto I.
e) A escola, instituição social de forte caráter disciplinador, teve papel
importante para fortalecer os discursos progressistas a favor dos
homossexuais no início do século XX.
Qual das alternativas é a correta?
Soluções para a tarefa
Sobre a distinção da homossexualidade como doença:
b) No Texto III, a homossexualidade, retirada da lista de doenças da OMS, mostra a força da ciência enquanto geradora de um discurso investido de poder.
Foucault aponta que o estabelecimento do sentido de verdade é fruto de um processo coercitivo e produtor de efeitos regulamentados de poder. O sujeito se expressa na ilusão de controlar a origem de seu discurso, sem que se dê conta de que o determinante dos sentidos desse discurso é a história, que se manifesta através das diferentes formações discursivas nas quais se inscreve e das quais não pode se despojar.
As diferentes formações discursivas equivalem à representação imaginária dos lugares sociais de um sujeito, e variam de acordo com a raça, gênero, origem social e situação social atual, profissão e outras formas de classificação, enfim, sua posição.
Na ilusão de saberes cristalizados, a-históricos, universais, neutros e objetivos, a ciência se constitui, estabelecendo uma linguagem que pretensamente traz as mesmas características. A comunidade científica é o lugar do estabelecimento desses sentidos, e se constitui uma formação científica com um regime de produção de verdade científica à qual o cientista se sujeita.
Neste sentido, o discurso científico se apresenta como portador de verdade e apaga as relações de poder contidas em seu interior, significa poder nas mãos do cientista que a produz, poder esse bem concreto, derivado de seu saber, e que lhe permite interferir politicamente, tanto para o favorecimento quanto para a preservação quanto para a extinção da vida no planeta.
Bons estudos!
Resposta:B) No Texto III, a homossexualidade, retirada da lista de doenças da OMS, mostra
a força da ciência enquanto geradora de um discurso investido de poder.
Explicação: LETRA B