Filosofia, perguntado por nidiarauany1, 1 ano atrás

2- qual o problema relativo a ciência sobre o qual discorre o filósofo Bruno Latour? explique.

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Respondido por elamambretti
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O filósofo Bruno Latour reflete sobre a questão de um tratamento simétrico nos procedimentos desenvolvidos pelas ciências nas nossas sociedades.

O autor entende que aqueles que se julgaram modernos, na ânsia de desbancar as antigas verdades, funcionaram sob a lógica da exclusão, pois, ao introduzirem novas ideias, promoveram a ruptura e o apagamento daquelas que representavam o pensamento anterior, tido como obsoleto.  

A cena moderna, instaura um novo regime de pensamento em que se opera uma dupla ruptura: no tempo, por oposição a uma antiguidade supostamente arcaica; e entre grupos de vencedores e de vencidos, nas guerras das ideias pela supremacia de uma suposta “verdade” dos fatos.

Com estas premissas, muitas outras cisões foram instaladas, ficando toda a lógica de se pensar as ciências viciada por essa necessidade de purificação através da divisão.  

A constituição moderna da verdade designa dois conjuntos de práticas que precisam estar apartadas uma da outra para terem alguma eficácia:  

1. As práticas de “tradução", responsáveis pelas misturas que fazem surgir incessantemente os híbridos de natureza e cultura;  

2. As práticas de “purificação” que negam as misturas efetuadas entre humanos e não humanos, operadas pelo conjunto de práticas de “tradução" e, portanto, só fazem sentido em função deste.  

Essas práticas de purificação deixaram o trabalho das ciências baseada nas separações entre o antigo e o novo, natureza e sociedade, ciência e senso comum.  

A proposta de Latour é uma reação tanto às concepções internalistas da ciência, que colocam o conhecimento científico em um lugar privilegiado entre outros tipos de conhecimento, estando sujeito às suas próprias leis, assim como às análises que priorizam o contexto de descoberta dos fatos científicos, chamadas de externalistas.  

O seu trabalho situa-se no esforço de traçar detalhadamente relações entre contexto e conteúdo, sem isolar a “dimensão cognitiva” dos “fatores sociais” que circundam a produção científica e dela fazem parte.

Bons estudos!

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