Filosofia, perguntado por marygoncalves437, 6 meses atrás

1 - Como a filosofia pode auxiliar na superação dos desafios da linguagem que causam problemas?​

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Respondido por Usuário anônimo
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Resposta:

Suponhamos que você queira doar 10 reais para uma ONG. Qual deveria escolher? Uma sobre a qual já ouviu falar? Alguma que esteja trabalhando em catástrofes? Ou talvez outra que atue em sua cidade?

Os filósofos que defendem a corrente do "altruísmo eficaz" acreditam que as doações, por menores que sejam, podem ajudar muito mais do que imaginamos. Em entrevista ao EL PAÍS, o filósofo australiano Peter Singer destacou que pessoas de países em situação de extrema pobreza "vivem com menos de 700 dólares (cerca de 2.600 reais) por ano e, muitas vezes, não têm acesso à água potável, saneamento básico e educação para seus filhos". Ou seja, esses 10 reais podem valer muito mais em um desses países com uma situação econômica pior.

Além disso, nem todas as iniciativas funcionam da mesma maneira. Em seu livro Doing Good Better (fazendo o bem melhor), o filósofo William MacAskill, da Universidade de Oxford, nos aconselha a fazer perguntas como as seguintes: estamos ajudando uma área que está esquecida e, portanto, carente de recursos? Ou doamos quando ocorre uma catástrofe e, portanto, já existem muitas pessoas dando uma mãozinha?

MacAskill também defende levar em consideração se há provas do alcance das ações da ONG. Por exemplo, e embora pareça paradoxal, os programas de eliminação de vermes intestinais são mais úteis para reduzir o absenteísmo escolar no Quênia do que comprar livros didáticos.

Muito trabalho para 10 reais? Sim, é. Mas existem organizações que fornecem essas informações, como a Give Well, que analisa o impacto das ONGs recomendadas, e a The Life You Can Change, do próprio Singer, que inclui até uma calculadora que permite saber como cada doação será usada.

2. Devo participar da polêmica do dia no Twitter?

Bem, você já doou os 10 reais. Agora, pega o celular para dar uma olhada no Twitter. Como geralmente acontece nesses casos, depois de alguns segundos já está morrendo de raiva de alguém que falou uma barbaridade e tem vontade de dizer-lhe umas poucas e boas.

Embora talvez não seja uma boa ideia. Os psicólogos Paul Bloom e Matthew Jordan se perguntavam no The New York Times há algumas semanas se somos todos "torturadores inofensivos", por causa das redes sociais. Esse termo se refere a um experimento mental proposto por Derek Parfit no livro Razões e Pessoas, publicado em 1986. O filósofo, que morreu em 2017, imagina torturadores que, durante anos e individualmente, tinham de causar o máximo de dor possível a uma pessoa, mas agora têm um sistema que os isenta de responsabilidade. A única coisa que precisam fazer é apertar um botão que aumente em um milésimo a dor sentida por cada um dos 1.000 prisioneiros.

Ou seja, os torturadores podem alegar que não causaram muita diferença no sofrimento dessas pessoas. "Se eu tivesse parado de apertar o botão, sua dor teria passado de 1.000 para 999, então, por que arriscaria ser demitido?" Ou, no caso do Twitter, se 280 caracteres não vão fazer muita diferença, por que eu deveria ficar sem meus retuítes, mesmo à custa de humilhar ou insultar alguém?

Mas, claro, na verdade não agimos sozinhos. Uma pessoa não faz muita diferença, mas cada um dos torturadores continua sendo responsável pelos danos causados. Especialmente se levarmos em conta que, provavelmente, apenas aperte o botão porque acredita que os outros 999 também o apertarão.

3. Em quem posso votar?

Um dos exemplos de que normalmente não agimos sozinhos são as eleições. Um voto pode ajudar a fazer diferença, por isso é preciso tomar essa decisão com certa responsabilidade. Por exemplo, queremos ajudar a criar uma sociedade mais justa ou preferimos aumentar a liberdade individual?

O filósofo norte-americano John Rawls sugeria em Uma Teoria da Justiça (1971) que nos imaginássemos todos reunidos para escolher os princípios fundamentais da sociedade. Há um porém: não sabemos qual será nossa posição nesta sociedade. Pode ser que sejamos ricos ou pobres, saudáveis ou doentes, inteligentes ou simplesmente justos. Não saberemos sequer se nasceremos na Espanha ou na Somália. Estamos sob o "véu da ignorância", o qual Rawls chama de "posição original".

Nestas circunstâncias e, segundo Rawls, todos imaginaremos que corremos o risco de estar em uma posição mais desfavorável, por isso optaremos por uma sociedade que nos proteja, chegando a dois princípios básicos.

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