Português, perguntado por thays94791256, 10 meses atrás

05 O pecado ético do jornalista não é trazer consigo convicções e talvez até preconceitos. Isso,
todos temos. O pecado é não esclarecer para si e para os outros essas suas determinações íntimas,
é escondê-las, posando de "neutro". O pecado ético do jornalista, em suma, é falsear a sua relação
com os fatos, tomando parte na impostura da neutralidade. esse falseamento - ainda muito comum
- pode ser facilmente verificado, em três variantes básicas. A primeira variante é a ocultação
involuntária, que consiste em fazer de conta que não se têm convicções ou preconceitos, ou que
esses não interferem na objetividade possível. Resultam dai os relatos supostamente isentos, por
trás dos quais o jornalista se esconde como se sua pessoa fosse um ente impessoal e como se a
notícia não fosse também determinada pelo seu modo de olhar e de narrar. A máxima segundo a
qual quem deve aparecer é o fato e não o jornalista reforça a ocultação involuntária. É claro que
o repórter não deve disputar com a notícia a atenção do leitor, mas os sentidos e as habilidades,
naturais ou treinadas, de quem cobre um fato (intuições, modos pessoais de olhar, repertório
cultural) enriquecem, e não empobrecem, a narrativa que será levada ao público. esconder tudo
isso é empobrecer o jornalismo como oficio e enfraquecê-lo como instituição social.
06 A segunda variante pela qual o jornalista simula neutralidade pode ser chamada de ocultação
deliberada. Mais própria de editores e repórteres de maior patente, ela consiste em mascarar
convicções e preconceitos sob a aparência de informação objetiva, contrabandeando, assim, para
o público, concepções pessoais como se fossem informações objetivas. A ocultação deliberada se
beneficia da crença do público de que a neutralidade é possível e, além de não esclarecer ninguém
sobre os fatos (pois, propositadamente, transmite uma versão montada dos fatos como se fossem
os fatos falando por si mesmos), alimenta ainda mais o mito do jornalista neutro. Por fim, a
terceira variante é a ocultação determinada pela servidão voluntária. Acontece mais entre aqueles
que "vestem a camisa" não da empresa, mas do chefe. De preferência, já suada. Os que vestem a
camisa do chefe anulam voluntariamente sua visão crítica em nome do cargo, do salário, da
ambição ou do medo, e assumem para si os valores, as convicções e os preconceitos de quem está
no comando.
07 As três variantes se alternam e se completam, produzindo a desinformação não apenas no
público, mas também ao longo da linha de produção da notícia. [...]
01. O principal objetivo comunicativo do texto é:
A) defender a neutralidade e a isenção do bom jornalista.
B) apresentar os motivos que fazem com que um jornalista seja neutro.
C) discutir a ideia de neutralidade dentro do campo jornalístico.
D) identificar as dificuldades dos jornalistas na relação com seus chefes.
E) criticar os jornalistas que não se mantêm neutros em seu trabalho.​

Soluções para a tarefa

Respondido por KyoshikiMurasaki
6

1. A alternativa correta é a letra c.

Agora, reveleramos as justificações das alternativas.

a) Errada, pois, no texto, é criticada a ideia de neutralidade que o jornalismo moderno tenta apresentar.

b) Errada, uma vez que não se apresenta tais motivos.

c) Correta. No texto, o autor demonstra por inúmeras vezes sua inconformação com a falsa isenção dos jornalista que, de uma certa maneira, tentam ocultar suas opiniões, entretanto, inserem, de forma muito sútil, seu modo de pensar e suas críticas ao assunto tratado.

d) Errada, o texto nem menciona as relações empregado-chefe.

e) Errada, apesar de apresentar os mecanismos utilizados pelos jornalistas para disfarçarem seus ideais, o autor não acredita que o jornalismo tenha que ser absolutamente neutro.

Espero que a resposta seja satisfatória e correta, bons estudos!

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