Vivendo numa época nihilista como a nossa, marcada pela crise dos valores e pela crescente miséria moral, em razão da vitória da ética pragmatista ou, melhor, utilitarista, que põe no altar da divindade o êxito e só se preocupa com a vantagem ou o que Maria leva, passamos a assistir nos últimos tempos à solicitação de pôr ética em tudo: ética na política, ética na economia, ética na ciência e ética nas relações interpessoais. Entendemos que, em tese, a solicitação é justa, e tudo deverá ser feito para ela ser atendida de alguma forma, antes que seja tarde demais, o planeta seja destruído e a devastação atinja sem piedade o mundo dos homens, não sobrando pedra sobre pedra. A dificuldade, porém, ao se pensarem essas coisas, é que a ética pode muito pouco, sem o socorro de outras instâncias ou esferas sociais, no terreno supra-individual, e uma frustração enorme fatalmente nos aguardará se não soubermos aquilatar nossas reinvindicações, bem como sopesar o lastro da ética ou seu raio de ação.
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I. Classificar a nossa época como nihilista é o mesmo que afirmar que vivemos numa época em que prevalece a depreciação de princípios e valores tradicionais.
III. Em síntese, colocar a palavra ética em tudo não é suficiente; para que seja resgatada, é preciso a intervenção de instâncias que extrapolem o meramente individual.
III. Em síntese, colocar a palavra ética em tudo não é suficiente; para que seja resgatada, é preciso a intervenção de instâncias que extrapolem o meramente individual.
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