VÍNCULOS COMUNITÁRIO
A presença das chamadas mídias comunitárias (jornal, rádio e TV) no cotidiano
dos diversos grupos sociais despertou, nos últimos anos, o interesse de pesquisadores
aos estudos de comunicação comunitária. Contudo, à medida que se observa um
aumento significativo de produções acadêmicas brasileiras em comunicação
comunitária, percebe-se também a precariedade epistemológica sobre as quais estas
produções foram feitas. Fala-se de comunicação, mas o que é de fato comunicação:
aparelho? Processo? Linguagem? Fala-se de comunidade, mas o que é comunidade nos
dias de hoje: um grupo de pessoas com interesses em comuns? Uma fila de ônibus, por
exemplo? Para que algo seja “da comunidade”, deve estar vinculada, necessariamente, à
idéia de pessoas pobres ou marginalizadas? Poderíamos também nos questionar se
comunidade obrigatoriamente tem a ver com território, língua ou costumes em comum,
mas rapidamente nos daríamos conta de que o processo de globalização re-define parâmetros como tempo, distância, cultura, fronteira, etc., os quais dependiam antes
diretamente este conceito.
Tendo em vista este panorama,torna-se inevitáveis questões do tipo: devemos
repensar estes dois conceitos (comunicação e comunidade)? Quais os fundamentos
(objeto, teorias e paradigmas) têm legitimado até agora o discurso da comunicação
comunitária? Estes discursos não são hoje hegemônicos, não caíram num certo sensocomum?
Como pretendemos apresentar aqui, a reprodução de conceitos como comunicação
e comunidade criou uma espécie de dogma na comunicação comunitária; dogmas estes
que tem repercutido até mesmo em outras áreas, criando uma espécie de jogo de
espelhos, um espaço de reflexões auto-referentes. Comunicação tem se reduzido a
instrumento, comunidade como compartilhamento de substâncias (identidade, interesse,
cultura, território, língua, etc.) e comunicação comunitária como plataforma para
observação de fenômenos sociais (um objeto da Sociologia?) Tais reduções não apenas
tem paralisado as pesquisas em comunicação comunitária como, muitas vezes, tem-se
colocado contra aquilo que justamente procuram. Por exemplo, o pesquisador que
centra a sua atenção numa rádio comunitária – pois há um pressuposto (ou imperativo)
de que exista um veículo (mídia) para qualquer trabalho de campo –, em busca de seu
potencial democrático ou emancipativo, pode deixar de ver o cerne da questão
comunitária, o ser-em-comum, o sacrificar-se pelo Outro ou pelo grupo, base de toda e
qualquer participação ou luta coletiva. Este ser-em-comum pode estar se desenrolando
em outros espaços, não necessariamente técnico. Pode, inclusive, até nem existir. Mas
não há como saber ao certo, porque não há liberdade para tal, porque seus pressupostos
impossibilitam a abertura: há uma rádio, então há comunicação; há um grupo de
pessoas, então deve haver algum sentido de comunidade.
1-De acordo com o texto o que se entende por vinculo comunitário?
2-Como pode –se perceber as produções acadêmicas brasileiras em comunicação no texto abordado?
3-Como e a reprodução de conceitos como comunicação e comunidade?
Soluções para a tarefa
Respondido por
4
Resposta:
markeyon Sharingan da o poder do susano
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