Veja como essa concepção se expressa no poema "X", da obra O guardador de rebanhos.
IX
Sou um guardador de rebanhos O rebanho é os meus pensamentos E os meus pensamentos são todos sen- (sações. Penso com os olhos e com os ouvidos E com as mãos e os pés E com o nariz e a boca. Por isso quando num dia de calor Me sinto triste de gozá-lo tanto, E me deito ao comprido na erva, E fecho os olhos quentes, Sinto todo o meu corpo deitado na rea- Sei a verdade e sou feliz. [lidade, Toyon Pensar uma flor é vê-la e cheira-la E comer um fruto é saber-lhe o sentido. SECRES ALAAN AUTHRA CAEIRO. Alberto. O guardador de rebanhos. In: GALHOZ, Maria Aliete (org. Fernando Pessoa: obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1999. Desenho de Alberto Caeiro por Almada Negreiros 1958
1. O eu lírico do poema expõe uma determinada concepção de realidade e de verdade. Atente para o percurso lógico do texto
. a) Qual é o propósito dos três primeiros versos? Explique sua resposta, considerando a profis- são declarada pelo eu lírico.
b) Como procede o eu línico entre os versos 4 e 8 para dar continuidade à exposição de seu raciocínio?
c) Considerando esse percurso e aquilo que é dito na última estrofe, conclua: O que seriam "realidade" e "verdade" para o eu lírico?
Soluções para a tarefa
Na alternativa a), O propósito dos 3 primeiros versos é mostrar como os pensamentos do autor é importante para ele, pois ele considera como sua profissão ser um guardador dos próprios pensamentos. Isso pode ser confirmado na sequência, quando o autor afirma que todos os seus sentidos, desde os olhos até os pés, são reflexos dos seus pensamentos.
Já no item b) o eu lírico, para expor seu raciocínio, recorre a figura de linguagem personificação, pois afirma que partes do seu corpo como, olhos e pés, pensam. Todavia sabemos que só quem tem capacidade para pensar é o cérebro.
O que é personificação?
A figura de linguagem personificação ou prosopopeia, diz respeito a característica linguística de dar vida as seres inanimados. Temos como exemplo a frase: "a vida é cruel" ou também "hoje o dia sorriu para mim".
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Por fim, na alternativa c), podemos dizer que a realidade e verdade para o eu lírico, corresponde a uma relação que as vezes não faz sentido, tendo em vista que por mais que o eu lírico estivesse na sua verdade angustiado e preocupado, a sua realidade era de felicidade.
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