Português, perguntado por camile6587, 11 meses atrás

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Descreva detalhadamente o espaço e o tempo do livro Sertão das Arábias​

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Respondido por foxestudante
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Resposta:

Para ambientar a Guerra de Canudos, Euclydes da Cunha descreveu toda a geografia do sertão levando aos leitores de seu livro, uma verdadeira radiografia da região. Na peça A Terra os atores são a própria terra, a vegetação, o vento, os animais, a seca. E ganha a visão atualizada da interferência do homem no ambiente, com seu poder destrutivo em razão proporcional ao poder financeiro, colocando em pauta a discussão sobre a ocupação do espaço, a especulação imobiliária que cerca hoje, não só o Teatro Oficina, como o mundo inteiro agora mais quente e mais árido. 

Euclides da Cunha revelou ao Brasil o que ninguém até então conhecia: que o sertão é um só, uma pátria independente. Canudos é uma síntese perfeita, em escala reduzida, dos aspectos predominantes dos sertões do norte. Os sertões de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Ceará e Piauí. Mostrou, com isso, que a Guerra de Canudos não foi apenas um acontecimento local, mas um grito de revolta de todo o sertão brasileiro. 

O escritor estruturou sua obra em três partes: "A Terra", "O Homem" e " A Luta". Ele só fala do conflito depois de levantar dados geográficos e culturais da região de Canudos e do Brasil. Ainda que o capítulo sobre a luta seja o mais lido e conhecido, a grande contribuição do escritor foi justamente a descrição detalhada que ele fez, em capítulos diferentes, da terra e do homem. O capítulo "A Terra" é um dos mais singulares da prosa brasileira. De forma literária, examina a constituição geográfica do continente americano e da região de Canudos. São estudados o solo, a flora, a fauna e o clima. Euclides da Cunha mostrou que todos os reveses sertanejos estão ligados à terra, desde a opressão semifeudal do latifúndio até a ignorância e o isolamento a que esta parte do Brasil sempre esteve condenada. E evidenciou que nada supera a principal calamidade do sertão: a seca. Antes de se transformar no retirante estropiado que abandona a região, o sertanejo encara de frente a fatalidade e reage, numa luta indescritível. Nessa hora ele não é mais o indolente ou o impulsivo violento, mas o herói que tem nos sertões, para todo o sempre perdidas, tragédias espantosas. A princípio ele reza. O seu primeiro amparo é de fé religiosa. Para ele, a seca é uma maldição. Euclides da Cunha apontou a coivara índia - prática de plantio por queimadas, que os sertanejos adotam - como uma das causas daquele deserto. Ali, a dor do homem vem do sofrimento milenar da terra. O escritor deixou registrado que as grandes secas do nordeste obedecem a um ciclo de 9 a 12 anos, desde o século XVIII, numa ordem cabalística. E até hoje esse fenômeno amplia o misticismo do matuto. O sertanejo se sente um abandonado numa terra barbaramente estéril e maravilhosamente exuberante. O escritor verificou estarrecido a transformação daquele deserto medonho nos poucos dias de chuva, quando as matas se cobrem de verde, o mandacaru floresce... e assistiu à transformação de espírito que essa mudança natural provoca na alma do sertanejo. O homem fechado e taciturno, seco como sua terra, transfigura-se em risos e comemorações. O sertão entra em festa.

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