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Série investiga mulher negra
Nova aposta da HBO, programa de Issa Rae vai além da narrativa de busca de novos amores e foca vida feminina
É natural a tentação de se pensar em “Insecure”, nova comédia da HBO, cuja primeira temporada estreou neste mês, incensada pela crítica norte-americana, como uma versão redux, com protagonistas afro-americanos e baseada em Los Angeles, da muy nova-iorquina “Girls”, a premiada produção do mesmo canal. Mas a série bolada por Issa Rae em parceria com Larry Wilmore vai além da narrativa de busca de novos amores, carreira ideal e estabilidade financeira para oferecer algo raro no audiovisual ianque: um raio-x da vida de duas mulheres negras nos dias de hoje em uma grande metrópole ocidental.
“Não sei se é o mesmo no Brasil, mas nos EUA estamos no fundo da pirâmide do interesse da maioria dos homens. Aqui, definitivamente, não somos ‘as tais’”, diz Issa, que segue: “No mundo do hip-hop, quando se chega ao sucesso, o troféu é uma mulher branca. Minha série é, também, uma investigação sobre o lugar do desejo em que se encontram as mulheres negras, inclusive para os homens de cor”.
Hoje com 31 anos, a protagonista de “Insecure”, que vive a insegura e divertidíssima Issa Dae, explodiu na mídia norte-americana em 2011, quando estudava em Stanford. Issa atraiu mais de 200 mil assinantes – e 20 milhões de cliques – para seus vídeos no YouTube com a série “The Misadventures of Awkward Black Girl” (em tradução livre “Os tropeços de uma desajeitada menina negra”), reinventada em livro campeão de vendas no ano passado.
Na série, Issa é a única negra em uma ONG voltada para crianças carentes. Já no primeiro episódio, ela sofre com a percepção dos alunos, encafifados com uma negra “que fala como branca, tem o cabelo curto como se fosse um homem e não é casada, embora já esteja na casa 30 anos”. É este o tom do humor liberto do politicamente correto dos oito episódios de “Insecure”.
“As pessoas me perguntam se a série não tem um nicho muito específico e acho graça: histórias sobre mulheres brancas são contadas a torto e a direito na televisão e no cinema e ninguém diz que elas têm extensão limitada. Por que a minha teria?”, questiona.
De fato, a relação amorosa sem paixão vivida por Issa com Lawrence (Jay Ellis), deprimido, desempregado, que passa o dia no sofá, podia se passar na hipsterlândia do Brooklyn. Enquanto sonha com o muito mais livre e mulherengo Daniel (Y’lan Noel), ela cai na noite hip-hop com Molly (Yvonne Oriji).
Advogada de sucesso que não consegue se acertar no plano amoroso, ela é a principal interlocutora de Issa para discussões tão densas quanto divertidas sobre preconceitos culturais, homofobia, sexismo e misoginia, traduzidos em diálogos tão corajosos quanto desconcertantes. A série passa na madrugada de domingo para segunda-feira, à 0h30.
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acho que esse texto demosta o quanto as pessoas negras sofrem com preconceitos
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