(UPE, 2014)
Vozes da seca
Seu doutô os nordestino têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão
Mas doutô uma esmola a um homem qui é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão
É por isso que pidimo proteção a vosmicê
Home pur nóis escuído para as rédias do pudê
Pois doutô dos vinte estado temos oito sem chovê
Veja bem, quase a metade do Brasil tá sem cumê
Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage
Dê cumida a preço bom, não esqueça a açudage
Livre assim nóis da ismola, que no fim dessa estiage
Lhe pagamo inté os juru sem gastar nossa corage
Se o doutô fizer assim salva o povo do sertão
Quando um dia a chuva vim, que riqueza pra nação!
Nunca mais nóis pensa em seca, vai dá tudo nesse chão
Como vê nosso distino mercê tem na vossa mão
Fonte: GONZAGA, Luiz; DANTAS, Zé. Disponível em: . Acesso em: 17 jul. 2013.
Sobre aspectos relacionados à variante linguística adotada no Texto 2, analise as proposições a seguir.
I. No registro escrito da letra da canção, há exemplos de marcas que são comuns em textos orais, tanto de usuários da variedade rural e popular como de usuários da variedade urbana e culta do Brasil.
II. A forma como é feita a marcação do plural em “os nordestino” (verso 1) provoca dúvidas no interlocutor, quanto ao número de pessoas referidas nesse trecho da canção.
III. O emprego da forma “vosmicê”, em vez de “você”, imprime certa aproximação e cordialidade entre os interlocutores.
IV. A maneira de pronunciar a palavra “escuído” revela um fenômeno comum em algumas variantes brasileiras, também presente em “fio” (por “filho”) e “teiado” (por “telhado”).
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II, III e IV - apenas.
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