(UNIFESP-2005) De gramática e de linguagemE havia uma gramática que dizia assim:“Substantivo (concreto) é tudo quanto indicaPessoa, animal ou cousa: João, sabiá, caneta”.Eu gosto é das cousas. As cousas, sim!...As pessoas atrapalham. Estão em toda parte.Multiplicam-se em excesso.As cousas são quietas. Bastam-se. Não se metem com ninguém.Uma pedra. Um armário. Um ovo. (Ovo, nem sempre, Ovo pode estar choco: é inquietante…)As cousas vivem metidas com as suas cousas.E não exigem nada.Apenas que não as tirem do lugar onde estão.E João pode neste mesmo instante vir bater à nossa porta.Para quê? não importa: João vem!E há de estar triste ou alegre, reticente ou falastrão.Amigo ou adverso... João só será definitivoQuando esticar a canela. Morre, João...Mas o bom, mesmo, são os adjetivos,Os puros adjetivos isentos de qualquer objeto.Verde. Macio. Áspero. Rente. Escuro. Luminoso.Sonoro. Lento. Eu sonhoCom uma linguagem composta unicamente de adjetivosComo decerto é a linguagem das plantas e dos animais.Ainda mais:Eu sonho com um poemaCujas palavras sumarentas escorramComo a polpa de um fruto maduro em tua boca,Um poema que te mate de amorAntes mesmo que tu saibas o misterioso sentido:Basta provares o seu gosto...Mário QuintanaObserve os pares de versos:“Substantivo (concreto) é tudo quanto indicaPessoa, animal ou cousa: João, sabiá, caneta.”“Antes mesmo que tu saibas o misterioso sentido:Basta provares o seu gosto…”Considerando-se o título e os sentidos propostos no poema, é correto afirmar sobre os versos que
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O primeiro par remete à ideia de gramática; o segundo, à ideia de linguagem. Neles predominam, respectivamente, a função metalinguística e a apelativa.
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